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Com Ponto Frio, Pão de Açúcar vira líder
Grupo recupera 1º lugar no varejo com aquisição de rede por R$ 824 mi e aposta na expansão das vendas de eletroeletrônicos
Abilio Diniz afirma que não
haverá demissões após
negócio; Ponto Frio diz que
objetivo é passar Casas
Bahia em eletroeletrônicos
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Pão de Açúcar anunciou ontem a compra da Globex
Utilidades, dona da rede Ponto
Frio, por R$ 824,5 milhões.
Caso os acionistas minoritários da Globex também aceitem
a proposta, o valor poderá chegar a R$ 1,164 bilhão, sendo que
parte será paga em ações do
Pão de Açúcar. Com a aquisição, a rede, controlada pelo
grupo francês Casino, recupera
a liderança no varejo brasileiro,
ocupada desde 2007 pela também francesa Carrefour.
"Há cinco anos, o grupo decidiu que teria de dominar [a
área] de não alimentos. Depois
de recuar nos últimos anos, retomamos o crescimento nessa
direção", afirmou Abilio Diniz,
presidente do conselho do grupo Pão de Açúcar, durante o
anúncio do negócio.
Com a compra, o Pão de Açúcar passa a ter receita anual de
R$ 26 bilhões e mais de 1.200
lojas, sendo 455 delas do Ponto
Frio. A rede se torna a segunda
maior do país em eletroeletrônicos, atrás da Casas Bahia. No
total, serão 79 mil funcionários.
Segundo Diniz, num primeiro momento não serão feitas
demissões e as operações serão
mantidas independentes, bem
como as marcas Ponto Frio e
Extra Eletro. A expectativa dos
ganhos de sinergia é estimada
em R$ 500 milhões, nos próximos 12 meses.
"Não podemos ter outro objetivo que não seja alcançar a liderança de mercado", afirma
Manoel Amorim, presidente do
Ponto Frio. "Apesar de os antigos controladores darem total
apoio à gestão e ao conselho de
administração, não tinham a
experiência nem a proximidade geográfica do Pão de Açúcar." Amorim e outros dois executivos do Ponto Frio farão
parte do grupo de transição
montado pelo Pão de Açúcar
para levar à frente a união.
O crescimento do poder
aquisitivo das classes B e C e a
perspectiva de expansão do
crédito imobiliário foram alguns dos motivos que levaram
o Pão de Açúcar a fechar a compra, negociada durante o último ano. "O mercado de eletroeletrônicos tende a se alavancar
com o crescimento da venda de
imóveis", diz Diniz.
Na estimativa do grupo, as
vendas de eletroeletrônicos deverão dobrar em cinco anos,
com crescimento anual de 15%
ao ano, e atingir R$ 134 bilhões
em 2013. Com a compra, o Pão
de Açúcar passa a deter 10%
desse mercado. Segundo a consultoria Accenture, a Casas Bahia é dona de 16% das vendas
totais, de acordo com números
de 2007.
Outro motivo para a compra
do Ponto Frio -que foi disputada pelo Magazine Luiza, pelo
grupo Silvio Santos e pelo fundo de investimentos BTG- foi
o fato de que a maioria das vendas é feita em lojas especializadas. Hoje, cerca de 10% dos
consumidores vão a hipermercados na hora de comprar eletrodomésticos e eletroeletrônicos, enquanto mais de 85% vão
a redes que só vendem esses
produtos. Ao adquirir a rede e
seus pontos de venda, o Pão de
Açúcar pode avançar na maior
fatia desse mercado.
Para Eugenio Foganholo, diretor da consultoria Mixxer, a
estratégia foi acertada. "O grupo Pão de Açúcar, com hiper e
supermercados, lojas de conveniência e atacarejo, é a rede
mais diversificada em alimentos", diz Foganholo. "Ao voltar
à área de eletromóveis, que tem
margens operacionais mais
baixas, o grupo ganha a oportunidade de crescer no crédito e
de diversificar sua receita."
Para Júlia Duarte, analista da
Brascan Corretora, o impacto
da aquisição será negativo no
curto prazo. "A rentabilidade
da Globex estava muito ruim
nos últimos trimestres. Apesar
de os ganhos estimados em sinergia serem grandes, é preciso
ver se a companhia irá atingi-los." A analista também considerou a aquisição cara, na relação entre receita operacional
medida antes de lucro, impostos, depreciação e amortização
e o valor da empresa.
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