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Venda da rede de lojas era negociada havia 8 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Negociada havia pelo menos
oito anos por Lily Safra e seu filho Carlos Monteverde, a venda do Ponto Frio foi concluída
com uma complexa operação
que envolveu dinheiro e troca
de ações. Para os controladores
do Ponto Frio, o grupo Pão de
Açúcar desembolsará R$ 373,4
milhões à vista e R$ 451 milhões em quatro anos, corrigidos pelo CDI (Certificado de
Depósito Interbancário).
Esse valor, no entanto, será
convertido em ações do grupo
Pão de Açúcar, em quatro fases.
Assim, em até 18 meses, os controladores do Ponto Frio poderão vender suas ações do Pão de
Açúcar ou se tornarem donos
de 6,5% da rede varejista.
Já os acionistas minoritários
terão três opções. Poderão
manter suas ações do Ponto
Frio, sair quando for feita a
oferta pública de ações para a
compra da rede ou, ainda, aceitar condições semelhantes às
oferecidas aos controladores.
No entanto, o preço por ação
será de R$ 7,59, 20% a menos
que o valor pago aos majoritários, R$ 9,48. O valor a ser pago
à vista (cerca de R$ 500 milhões) sairá do caixa do Pão de
Açúcar, hoje em R$ 1,7 bilhão.
Caso a maioria dos acionistas
decida aderir à oferta feita aos
controladores -há um prêmio
de 10% sobre o saldo a ser pago
a prazo-, o Pão de Açúcar deverá fechar o capital da Globex,
controladora do Ponto Frio.
"Não faria sentido manter o
capital do Ponto Frio aberto
porque será difícil criar volume
de negociações e dar liquidez
aos papéis", diz Enéas Pestana,
vice-presidente administrativo
financeiro do Pão de Açúcar.
Ontem, as ações da Globex
caíram 17,43%, cotadas a R$
7,83 no fim do dia. Há um ano,
quando começaram as negociações com o Pão de Açúcar, elas
valiam cerca de R$ 25. As ações
do Pão de Açúcar caíram 1,96%
ontem, cotadas a R$ 35,90.
Segundo relatórios de vários
analistas, divulgados antes da
compra do Ponto Frio, os papéis do Pão de Açúcar tendem a
se valorizar. Segundo a rede,
com a compra, os ganhos de sinergia nos próximos 12 meses
serão de R$ 500 milhões.
A expectativa é que eles venham de ganhos de escala, integração entre logística e administração, melhoria no uso de
serviços financeiros e negociações de marketing. Ainda hoje
deverá ser feita uma reunião
entre os principais fabricantes
de eletroeletrônicos e a rede.
O Pão de Açúcar também terá benefício fiscal de R$ 100 milhões decorrente da compra.
"Essa aquisição irá contrabalançar a liderança muito destacada da Casas Bahia no setor",
diz Juraci Parente, do centro de
excelência em varejo da FGV.
"A existência de dois competidores fortes tende a estimular a
competição e melhores preços." Diretor-executivo do Procon, Roberto Pfeiffer concorda:
a concentração, não sendo excessiva, pode aumentar o poder
de barganha junto a fabricantes
e redundar em preços menores.
Com o negócio, a receita proveniente de eletroeletrônicos
no Pão de Açúcar passará de
10% para 26% do total. A compra está sujeita à aprovação do
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mas
a rede não espera restrição ao
negócio, já que terá 10% de participação de mercado.
(CB)
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