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Quebra de safra faz América do Sul colher menos soja
Produção da região cairá de 116 mi para 95 mi de toneladas; argentinos perderão mais devido à maior seca dos últimos 70 anos
DA REDAÇÃO
Após ter atingido 116 milhões
de toneladas no ano passado, a
produção de soja da América do
Sul recua 18,1% -para 95 milhões neste ano. Os dados de
quebra de safra já foram assimilados pelo mercado, que faz
contas para a safra 2009/10,
mas o produtor ainda deve sofrer no bolso essa redução.
A quebra mexeu com os estoques mundiais, que estavam
em recuperação, sustentou os
preços da oleaginosa e redirecionou exportações entre os
maiores produtores.
A redução de produção ocorreu devido à quebra de safra em
todos os países da região, mas
com maior intensidade na Argentina. Castigado pela maior
seca dos últimos 70 anos, o país
vai colher apenas 32 milhões de
toneladas de soja, conforme recentes estimativas da Bolsa de
Cereais de Buenos Aires.
O efeito da seca foi tão grande no país que, dos 17,8 milhões
de hectares semeados, apenas
16,8 milhões serão colhidos.
Além da área que não será colhida, a produtividade das demais áreas teve redução de 33%
em relação à safra anterior.
José Pitoli, da Coopermibra,
cooperativa do noroeste do Paraná, diz que a quebra de safra
elevou os preços da soja. Essa
alta, porém, pode não ser suficiente para compensar o que o
produtor perdeu com a redução da produção e com o que
ainda deve deixar de ganhar devido à contínua desvalorização
do dólar nas últimas semanas.
A depreciação da moeda norte-americana, que atingiu neste mês o menor valor do ano, ao
cair para R$ 1,924, significa entrada menor de reais no bolso
dos produtores.
"Essa perda ocorre em um
momento de elevação de custos. Se os preços dos fertilizantes estão abaixo dos praticados
no ano passado, o mesmo não
ocorre com outros insumos e
com mão de obra", diz Pitoli.
Essa perda de renda em várias regiões brasileiras fará com
que o produtor volte a semear a
soja mais uma vez com menor
uso de tecnologia. Os que já fizeram isso na safra 2008/9 vão
comprometer ainda mais a produtividade da safra 2009/10.
Com recursos próprios limitados e crédito disponível bastante escasso, a área e a produção de soja podem ficar abaixo
do esperado, segundo Pitoli.
Apetite chinês
Os analistas do Instituto
FNP alertam para uma nova
tendência no mercado, que ainda precisa ser confirmada. A soja produzida internamente pelos chineses já tem custos inferiores à importada, o que pode
frear o apetite da China, cujas
importações deste ano estão
em patamares bem acima das
da safra anterior.
Leonardo Menezes, da Consultoria Céleres, de Uberaba
(MG), diz que os estoques finais
de soja estarão bem mais ajustados na América do Sul devido
à oferta menor na safra 2008/9.
Além disso, tanto Brasil como EUA elevaram as exportações para compensar a perda
argentina, próxima de 15 milhões de toneladas nesta safra
em relação à estimativa inicial.
A quebra na América do Sul,
reduzirá a safra mundial para
210 milhões de toneladas neste
ano, abaixo da demanda de 222
milhões estimadas pelo Usda
(Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos). Com isso,
os estoques mundiais, que estavam próximos de 53 milhões de
toneladas no início de safra, devem terminar o período próximos de 41 milhões -apenas
18% do consumo total.
Mas o cenário muda para a
próxima safra, a 2009/10, que
os norte-americanos já estão
semeando. Brasil (60 milhões
de toneladas) e Argentina (51
milhões) voltam aos patamares
de produção pré-seca e, com isso, a América do Sul deverá colher 119 milhões de toneladas.
Do lado da oferta, além da
evolução de safra no Brasil e na
Argentina, haverá aumento
também na dos EUA, que sobe
para 87 milhões de toneladas. A
safra mundial de soja deve atingir 242 milhões.
(MZ)
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