São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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BALANÇA

Ministro diz que juros caem

Superávit em 2003 será de US$ 8 bi, diz Amaral

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, prevê um saldo positivo entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões para a balança comercial no ano que vem. Na avaliação do ministro, o superávit já registrado neste ano, de US$ 2,658 bilhões, e o desempenho fiscal do país abrem caminho para a redução da taxa de juros.
"Temos boas condições para caminhar para uma queda na taxa de juros", afirmou.
No entanto, Amaral evitou dizer quando poderia ocorrer a queda na taxa de juros. "Isso já não é comigo", declarou. "É verdade que ainda há muitas incertezas neste ano."
Na semana passada, o saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 52 milhões, o que fez com que o superávit acumulado no ano superasse o saldo total do ano passado, que foi positivo em US$ 2,642 bilhões.

Fatores externos
Para Amaral, a recuperação da economia americana e a queda do déficit comercial com a Argentina vão contribuir para realizar a projeção de saldo feita por ele para o próximo ano.
O ministro diz acreditar que em 2003 o déficit comercial com a Argentina ficará entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões. Neste ano, o Brasil já acumula saldo negativo de cerca de US$ 1,5 bilhão com o parceiro do Mercosul. O governo espera encerrar o ano com déficit de US$ 3 bilhões com a Argentina.
O acordo automotivo assinado na semana passada, durante a reunião de cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, deve contribuir para aumentar o buraco na conta comercial com o vizinho.
O Brasil teve queda de 66% nas exportações para a Argentina neste ano. Mas, para ajudar o parceiro e fortalecer o Mercosul, o governo concordou em importar o dobro de carros que irá exportar para a Argentina nos próximos 12 meses.
Essa é a base do acordo automotivo assinado em Buenos Aires. Para cada carro exportado para a Argentina, o Brasil poderá importar dois. Com isso, o governo espera contribuir para que o vizinho recupere sua economia e fortaleça sua indústria automotiva, já que está previsto o livre comércio para o setor em 2006.

Anticalote
A razão para o otimismo de Amaral sobre o futuro da relação comercial com a Argentina, apesar da existência do déficit do setor automotivo, foi a retomada do CCR (Convênio de Crédito Recíproco), também acertada em Buenos Aires.
O CCR é uma câmara de compensação que dá mais segurança às operações comerciais porque evita o calote. Limitado a operações de até US$ 100 mil, os dois países concordaram em elevar o teto para US$ 300 milhões.
Com exceção do comércio de trigo e petróleo, produtos que a Argentina exporta para o Brasil e para os quais necessita obter pagamento em dinheiro, o resto do comércio será compensado nessa câmara.
Segundo Amaral, os importadores argentinos poderão renegociar a dívida de cerca de US$ 500 milhões que acumulam com os exportadores brasileiros desde o colapso econômico do fim do ano passado.
O desaquecimento da economia mundial, principalmente a crise argentina, derrubou as exportações brasileiras em 13,4% e as importações em 22,6% no primeiro semestre. Por isso o país vem obtendo saldo positivo -as importações caíram mais do que as exportações.
"A economia americana já está em trajetória de recuperação e deve crescer cerca de 2% neste ano", disse Amaral. O ministro também aposta nos resultados dos acordos econômicos de preferência tarifária que o Brasil assinou com o Chile e com o México no primeiro semestre.



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