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CRISE GLOBAL
Banco para Compensações Internacionais diz que colapso argentino deverá afetar fluxo de investimentos
Argentina contagia emergentes, afirma BIS
DA REDAÇÃO
O colapso da Argentina deve
provocar uma fuga de investidores dos chamados mercados de
economia emergente, como o
Brasil, de acordo com relatório
publicado ontem pelo BIS (Banco
para Compensações Internacionais, na sigla em inglês). A instituição, cuja sede fica na Basiléia
(Suíça), também apoiou o enrijecimento do FMI (Fundo Monetário Internacional) na concessão
de pacotes de ajuda financeira.
"A crise argentina pode afetar o
investimento futuro dos bancos
internacionais nos mercados
emergentes, dadas as perdas sofridas pelos bancos estrangeiros
[na Argentina"", diz o BIS, conhecido como o banco central dos
bancos centrais, em seu relatório
anual sobre a economia mundial.
Os países em desenvolvimento
também tendem a enfrentar uma
queda nos investimentos diretos
(feitos em setores produtivos da
economia). Segundo o BIS, isso
ocorreria por causa das perdas
que as multinacionais amargaram na Argentina.
Os prejuízos, de acordo com o
BIS, estenderam-se ainda aos pequenos e médios investidores.
"Devido às perdas dos europeus,
que detinham estimados US$ 20
bilhões em títulos do governo argentino, os emergentes deverão
ter dificuldades para rolar suas dívidas com pequenos investidores
no futuro", afirma o relatório.
De acordo com o BIS, os bancos
e correntistas argentinos precisam ter bom senso no momento e
renunciar à parte de seus ativos.
"Os credores precisam entender
que a única escolha é entre ter
apenas meio pão ou ter pão nenhum. O potencial de acesso ilimitado a outras fontes de recursos impede tal entendimento",
afirma a instituição, em referência
ao socorro oferecido pelo Fundo
em outras ocasiões.
E o BIS completa: "O FMI está
certo ao criar a expectativa de que
seus pacotes para os países em crise serão mais limitados. Isso irá
remover a expectativa de que um
pão inteiro ainda poderá estar sobre a mesa".
Pelas estimativa do BIS, o PIB
(Produto Interno Bruto) da Argentina vai despencar 12,2% neste
ano, depois de ter sofrido uma
contração de 4,5% no ano passado. A expansão média da América
Latina não deverá passar de 0,5%.
Para o Brasil, a instituição prevê
um crescimento econômico de
2,1%. A instituição destaca que,
no ano passado, o crescimento foi
afetado pelo racionamento de
energia, além dos efeitos da retração econômica dos países ricos.
O tamanho do endividamento
segue como ponto negativo. "O
Brasil permanece exposto a um
ambiente internacional volátil,
por causa de sua grande (ainda que em tendência de queda) necessidade de financiamento externo", diz o relatório.
Escândalos
A eficiência do mercado financeiro enfrenta uma dupla ameaça,
de acordo com o BIS: a baixa qualidade das informações disponíveis, como demonstrou o colapso da energética Enron, e a diminuição no números de prestadores de serviços financeiros.
"Debilidades no mecanismo de
produção de informações desestimulam investidores e possivelmente distorcem os preços de mercado [das companhias], o que provoca uma má alocação de capitais", afirma o relatório.
A norte-americana Enron quebrou no ano passado em meio a uma série de denúncias de irregularidades contábeis e administrativas que eram virtualmente desconhecidas dos acionistas antes do colapso da corporação.
Com agências internacionais
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