|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundos de pensão devem reduzir exposição a risco, diz governo
Secretaria recomenda que entidades não usem sobra de caixa para reduzir contribuições ou elevar benefícios; rentabilidade pode cair com corte dos juros
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a trajetória de queda
dos juros, a SPC (Secretaria de
Previdência Complementar)
começou a recomendar aos
fundos de pensão que utilizem
seus superávits -uma espécie
de lucro das entidades- para
reduzir a exposição a riscos. A
orientação é para que os fundos
não usem a sobra de caixa para
baixar contribuições ou aumentar o valor dos benefícios.
O secretário de Previdência
Complementar, Leonardo Paixão, disse à Folha que, por enquanto, trata-se de uma recomendação da secretaria. "Mas
vai chegar um momento em
que haverá uma determinação
nesse sentido e poderá ficar
proibido baixar contribuição
ou redistribuir o superávit antes de rever as premissas atuariais", afirma. A proibição poderá vir em forma de resolução
do CGPC (Conselho de Gestão
da Previdência Complementar), órgão que atua na regulamentação do setor.
O maior fundo de pensão do
país, a Previ -dos funcionários
do Banco do Brasil-, registrou
no ano passado um superávit
de R$ 15,9 bilhões. No mês passado, o fundo informou que estuda o que fazer com os superávits que vêm obtendo nos últimos anos. Uma das possibilidades é a devolução de contribuições aos participantes.
Atualmente, 70% dos ativos
dos fundos de pensão estão
aplicados em renda fixa -títulos públicos. Com a redução da
Selic (taxa básica de juros), as
entidades começam a se preocupar em encontrar novos
"produtos" para aplicar seus
recursos e garantir a eles uma
boa rentabilidade.
A maioria dos fundos estabelece 6% ao ano mais a inflação
como meta para retorno de
suas aplicações. Diante da trajetória de queda dos juros, as
entidades podem se ver obrigadas a fazer investimentos mais
arriscados para atingir essa
meta e cumprir suas obrigações atuais e futuras com os
participantes.
Rentabilidade menor
A SPC avalia que o mais prudente é que os fundos usem os
superávits para evitar essa exposição excessiva. Ou seja, reduzam suas metas de rentabilidade e reservem os recursos excedentes do superávit para
honrar suas obrigações com o
pagamento dos benefícios.
"Por enquanto, não há uma
necessidade", destaca o secretário, afirmando que a Selic
ainda não está tão baixa e muitos fundos têm conseguido superar suas metas de retorno. "A
queda da Selic é excelente para
o país, mas coloca um cenário
mais desafiador para os fundos.
Vai ser preciso subir um degrau
no conservadorismo", declara.
De acordo com a SPC, vários
fundos já estão revendo suas
metas atuariais, que foram reduzidas para 4% ou 5% ao ano
mais inflação. O secretário não
quis definir qual seria um padrão ideal, mas disse que a experiência internacional indica
um patamar entre 3,5% e 4%.
"Isso depende muito do perfil
do fundo, se está investido
100% em títulos ou se aplica em
ações e títulos", afirma.
Segundo ele, a recomendação da SPC, no entanto, vale para os fundos independentemente desse perfil. "Prudência
nunca é em excesso. O plano
pode ficar mais caro com novas
metas atuariais, mas também
ficará mais seguro", avalia o secretário de previdência.
Leonardo Paixão afirma ainda que está nos planos da SPC
regulamentar dispositivos da
legislação que tratam de superávit. Atualmente, não há uma
regra sobre o tratamento que
deve ser dado pelos fundos a esses excedentes.
A Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas
de Previdência Complementar) informou que ainda debate
internamente o tipo de tratamento que deve ser dado aos
superávits, não tendo, portanto, uma posição fechada sobre o
assunto.
Texto Anterior: Repasses a fundo perdido crescem 274% Próximo Texto: Frases Índice
|