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análise
Prazo para corte de gás poluente é muito longo
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem compromissos de médio prazo, o anúncio do G8 de
reduzir 50% das emissões de
gases de efeito estufa até
2050 é considerado por especialistas e ONGs insuficiente ou pouco provável de
ser concretizado.
O embaixador extraordinário do Brasil para mudança do clima, Sérgio Serra,
considera a meta "razoável"
e diz que ela vai na direção
das recomendações do IPCC
(painel do clima da ONU).
No entanto, ele ressalta
que, para o objetivo não virar
"letra morta", é preciso ter
compromissos concretos de
médio prazo -até 2020. "É
um compromisso meio vazio
se não for reforçado por metas de médio prazo. Mas ainda há chance que isso ocorra
nas negociações na Convenção do Clima."
De acordo com ele, a União
Européia avançou mais e já
se comprometeu a reduzir
pelo menos 20% até 2020.
"Mas é uma área em que há
muita hesitação."
O primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, chegou a
anunciar antes da reunião do
G8 a meta do país de reduzir
entre 60% e 80% as emissões
totais do país. Mas também
não estabeleceu compromissos de médio prazo.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de
Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro),
considera o prazo "muito
longo" e diz que é necessário
fazer uma "escadinha" de como vai se chegar até lá.
"É uma meta para 42 anos.
Vai haver "n" governantes diferentes." Em sua opinião,
apesar de ser "percentualmente significativa" a meta
de 50% de redução nas emissões, o prazo muitíssimo distante "a torna inoperante".
Para Susana Kahn Ribeiro,
secretária nacional de Mudança Climática, "seria desejável metas mais ambiciosas". No entanto, ela pondera
que as tecnologias que poderiam fazer uma grande diferença não estarão disponíveis no curto e no médio prazo -como o uso de hidrogênio em veículos, por exemplo, e ações de captura e seqüestro de carbono.
Ações efetivas
O Greenpeace considera
que a decisão anunciada pelos países do G8 "não passa
de estratégia para postergar
as ações efetivas que deveriam ser tomadas imediatamente". Segundo Luís Piva,
coordenador de campanha
de Clima do Greenpeace
Brasil, o anúncio cria uma
falsa expectativa de que algo
está sendo feito para evitar o
aquecimento global.
A ONG defende que os países industrializados se comprometam a cortar 30% das
emissões até 2020 e a reduzir de 80% a 90% até 2050.
Piva não considera um
avanço o fato de os Estados
Unidos terem assumido uma
meta, depois de não ratificar
o Protocolo de Kyoto. "O país
é o maior poluidor histórico.
Se a gente colocar na balança
a responsabilidade histórica
e atual, é uma meta tímida."
De acordo com a organização WWF, os países do G8
são responsáveis "por 62%
das emissões de dióxido de
carbono acumulado na atmosfera da Terra", o que faz
desses países o principal culpado das alterações climáticas. Por isso, a ONG considera "patética" a recusa do G8
em se tornar o maior condutor da solução para o problema do aquecimento global.
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