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Fed deixa futuro em aberto, e Bolsas recuam
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O evento mais esperado da
semana para o mercado financeiro foi a reunião do Fed (o
banco central dos EUA), ontem, que manteve inalterada a
taxa básica de juros americana.
Para a surpresa de alguns analistas, as Bolsas de Valores acabaram por fechar em baixa.
Isso aconteceu porque a nota
divulgada pelo Fed após sua
reunião deixou em aberto o futuro da política monetária: se
os próximos dados econômicos
(especialmente os de inflação)
não demostrarem estar sob
controle, há chances de os juros
voltarem a ser elevados no próximo encontro do Fed.
A Bovespa terminou seu pregão em baixa de 0,26%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova
York caiu 0,41%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 0,56%.
"A decisão de não subir os juros era amplamente esperada
pelo mercado. Por isso, as atenções ficaram voltadas para o comunicado do Fed, que talvez
tenha decepcionado", diz Diego
Beleza, gerente de renda fixa do
Banco Prosper. "O comunicado
não deixou claro que se encerrou o processo de alta dos juros
americanos, como muitos esperavam", afirma Beleza.
O Fomc (o comitê de política
monetária do Fed) manteve os
juros americanos em 5,25%
anuais. O mercado futuro de juros dos EUA mostrava, antes da
reunião, que apenas cerca de
20% dos investidores contavam com a possibilidade de a
taxa subir para 5,5%. O restante
esperava pela manutenção.
"A reação do mercado foi totalmente desproporcional ao
evento. A parada na alta dos juros é um sinal muito importante. Entretanto, os agentes ainda
não se convenceram totalmente do fim do processo de aperto
monetário nos EUA", diz Jason
Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria
Econômica.
Tranqüilidade
No Brasil, os mercados de
câmbio e de juros tiveram reação positiva. O dólar teve ontem queda de 0,37% diante do
real, para R$ 2,178. Os juros futuros recuaram na BM&F.
O contrato DI (que mostra as
projeções futuras para os juros)
mais negociado, que vence em
janeiro de 2008, fechou com taxa de 14,40%, contra 14,50% do
pregão anterior.
Já a queda das Bolsas mostra
que ainda há desconforto entre
os investidores. Enquanto se
mantiverem as expectativas de
que os juros americanos podem
subir, os investidor internacionais não vão voltar com apetite
nem para as Bolsas nem para os
mercados emergentes.
Quando há um cenário de alta futura de juros nos EUA, as
taxas pagas pelos títulos do Tesouro norte-americano sobem.
E isso faz os investidores direcionarem uma parcela maior
de seus recursos para esses títulos, em detrimento de ativos
de emergentes.
Assim, o mercado estará
atento a cada novo indicador de
inflação e de atividade econômica americano que for divulgado. Para o mercado brasileiro
(e os outros emergentes), será
importante que esses indicadores não levantem muitas dúvidas em relação ao fim do ciclo
de alta de juros nos EUA.
Na Bovespa, o saldo de investimentos externos está positivo
neste mês -após três meses de
saída de recursos. Até o dia 4,
esse saldo estava positivo em
R$ 172,7 milhões.
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