São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Fed deixa futuro em aberto, e Bolsas recuam

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O evento mais esperado da semana para o mercado financeiro foi a reunião do Fed (o banco central dos EUA), ontem, que manteve inalterada a taxa básica de juros americana. Para a surpresa de alguns analistas, as Bolsas de Valores acabaram por fechar em baixa.
Isso aconteceu porque a nota divulgada pelo Fed após sua reunião deixou em aberto o futuro da política monetária: se os próximos dados econômicos (especialmente os de inflação) não demostrarem estar sob controle, há chances de os juros voltarem a ser elevados no próximo encontro do Fed.
A Bovespa terminou seu pregão em baixa de 0,26%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York caiu 0,41%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 0,56%.
"A decisão de não subir os juros era amplamente esperada pelo mercado. Por isso, as atenções ficaram voltadas para o comunicado do Fed, que talvez tenha decepcionado", diz Diego Beleza, gerente de renda fixa do Banco Prosper. "O comunicado não deixou claro que se encerrou o processo de alta dos juros americanos, como muitos esperavam", afirma Beleza.
O Fomc (o comitê de política monetária do Fed) manteve os juros americanos em 5,25% anuais. O mercado futuro de juros dos EUA mostrava, antes da reunião, que apenas cerca de 20% dos investidores contavam com a possibilidade de a taxa subir para 5,5%. O restante esperava pela manutenção.
"A reação do mercado foi totalmente desproporcional ao evento. A parada na alta dos juros é um sinal muito importante. Entretanto, os agentes ainda não se convenceram totalmente do fim do processo de aperto monetário nos EUA", diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica.

Tranqüilidade
No Brasil, os mercados de câmbio e de juros tiveram reação positiva. O dólar teve ontem queda de 0,37% diante do real, para R$ 2,178. Os juros futuros recuaram na BM&F.
O contrato DI (que mostra as projeções futuras para os juros) mais negociado, que vence em janeiro de 2008, fechou com taxa de 14,40%, contra 14,50% do pregão anterior.
Já a queda das Bolsas mostra que ainda há desconforto entre os investidores. Enquanto se mantiverem as expectativas de que os juros americanos podem subir, os investidor internacionais não vão voltar com apetite nem para as Bolsas nem para os mercados emergentes.
Quando há um cenário de alta futura de juros nos EUA, as taxas pagas pelos títulos do Tesouro norte-americano sobem. E isso faz os investidores direcionarem uma parcela maior de seus recursos para esses títulos, em detrimento de ativos de emergentes.
Assim, o mercado estará atento a cada novo indicador de inflação e de atividade econômica americano que for divulgado. Para o mercado brasileiro (e os outros emergentes), será importante que esses indicadores não levantem muitas dúvidas em relação ao fim do ciclo de alta de juros nos EUA.
Na Bovespa, o saldo de investimentos externos está positivo neste mês -após três meses de saída de recursos. Até o dia 4, esse saldo estava positivo em R$ 172,7 milhões.


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