São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Indústria deve resistir à pressão salarial

Os empresários da indústria não vão ceder às pressões dos trabalhadores por reajustes expressivos nos salários negociados neste ano. Com as margens de lucro reduzidas e a produtividade em nível baixo, eles terão fortes argumentos para endurecer e não conceder aumentos consideráveis. A opinião é de André Carvalho, sócio da consultoria Main Street e ex-economista-chefe da Fiesp.
Para ele, a disputa entre trabalhadores e empresários para negociar reajuste salarial vai ser grande neste ano.
Por um lado, os empresários vão argumentar que ainda estão debilitados por conta da crise e não têm fôlego para conceder aumentos. De outro, os trabalhadores vão olhar para frente e afirmar que as empresas já estão em recuperação.
Quando não há acordo e a decisão cai para a Justiça do Trabalho, em geral, a sentença determina reposição de 100% da inflação do ano anterior, segundo Carvalho.
"Quando a inflação girava entre 15% e 20% ao ano, a decisão era vantajosa para o trabalhador. Agora que a inflação está em níveis bem mais baixos, o mesmo parecer favoreceria o empresário", afirma. "Ou seja, para os empresários não fechar acordo com os sindicatos é um bom negócio. Por isso, eles vão endurecer."
Para Carvalho, os argumentos que os empresários vão usar para evitar aumentos expressivos nos salários serão os próprios dados da economia.
A queda de 5% no emprego da indústria no primeiro semestre do ano foi menor que a redução de 13,4% na produção nacional do setor no período, segundo dados do IBGE.
De acordo com o economista, esses indicadores impactam no custo unitário do trabalho (razão entre o salário real médio e a produtividade). "Esse custo cresceu muito no primeiro semestre do ano e ficará maior com aumentos salariais", diz.
Nem as greves ou paralisações, tradicionais ações dos trabalhadores para pressionar os patrões, teriam a mesma força neste ano. "A demanda está tão fraca que não trariam grandes problemas para as empresas."

MENU ÚNICO
O bistrô L'Entrecôte de Ma Tante, recém-inaugurado no bairro do Itaim, em São Paulo, está negociando parcerias para abrir unidades em outras capitais, como Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Porto Alegre. Com um menu único, o entrecôte regado a molho, o restaurante recebe cerca de 400 pessoas por dia. "O menu único facilita que esse modelo seja replicado em vários lugares", diz Edson D" Aguano, um dos sócios. Segundo ele, as parcerias serão por meio de joint ventures entre os cinco sócios do restaurante e outros empresários. O investimento inicial para abrir uma unidade é de cerca de R$ 1 milhão. Entre os interessados, estão shopping centers e empresários.

ALUGADO
Os preços dos aluguéis de espaços de escritórios de classe A nas principais cidades brasileiras caíram 0,92% no segundo trimestre, segundo a consultoria americana Cushman & Wakefield. Em São Paulo, a queda foi maior, de 4,2%, e o metro quadrado está sendo negociado hoje, em média, a R$ 81,64 ao mês. Para Milena Morales, executiva da Cushman, a queda foi baixa. "O mercado continua aquecido, e não há espaços disponíveis em muitas cidades."

CONSELHO
Será lançado neste mês o livro "Conselhos para o CEO - Como Vencer em Tempos de Crise" (editora Campus-Elsevier). Nele, o autor, Darrell Rigby, sócio da Bain & Company, que esteve no Brasil recentemente para falar de crise e inovação, aborda conselhos para empresas que ainda enfrentam as consequências da crise. O livro será lançado simultaneamente nos EUA pela Harvard Business Press.

MASCULINO
São homens 96% dos profissionais que participam de programas de expatriação nas empresas, segundo pesquisa do Hay Group com 27 empresas que atuam no Brasil. Entre os profissionais que são transferidos para assumir cargos de alto escalão em outros países, 43% têm idade superior a 45 anos, 65% são casados e 82% deles levam a família para o exterior. Entres os solteiros, 52% seguem para o exterior para ocupar cargos de níveis profissional e técnico.

TIO SAM
O Wal-Mart apresenta hoje, em sua primeira campanha publicitária no Brasil, país em que está presente há 14 anos, seu novo nome e logotipo: Walmart, agora sem hífen. Feita no Brasil pela agência Africa, a campanha traz como garoto-propaganda da empresa seu próprio fundador, Sam Walton. A mensagem publicitária é que a economia feita ao comprar no Walmart pode ser revertida em qualidade de vida.

CHOCOLATE
Os franqueados da Kopenhagen, do Grupo CRM, mostraram interesse também na franquia Brasil Cacau, marca mais popular de lojas de chocolate do CRM. Assinaram o protocolo de intenção para abrir franquias Brasil Cacau 88 franqueados Kopenhagen. A demanda fez o CRM revisar para cima sua projeção de abrir 50 lojas Brasil Cacau neste ano.

MATE
A MegaMatte faturou R$ 18 milhões no primeiro semestre, 68% acima do mesmo período de 2008. Com oito novas lojas na região Sudeste neste ano, a empresa soma 48 unidades. Nos planos, mais 15 lojas em 2009.

EM CASA
A multinacional Trend Micro, de segurança para a internet, entrou em julho no mercado brasileiro de consumidores domésticos. A expectativa é que o segmento responda por 10% do faturamento da empresa neste ano. O restante se refere ao segmento corporativo.

TELES
Nomes de peso do setor de telecomunicações se reúnem para debater investimentos em banda larga no 53º Painel Telebrasil (associação das teles), nos dias 26 e 27, no Guarujá (SP). Estarão presentes João Cox Neto (Claro), Luiz Eduardo Falco (Oi) e Roberto Oliveira de Lima (Vivo), entre outros.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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