São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003 |
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BELEZA BRASILEIRA País tenta melhorar produção para ter maior fatia no mercado mundial, que movimenta US$ 25 bi por ano Temporada de flores traz emprego e renda
MAURO ZAFALON DA REDAÇÃO Chegou a temporada das flores. Elas trazem não só beleza mas também emprego e renda. A floricultura brasileira é um mercado que movimenta R$ 2 bilhões por ano -valor pequeno se comparado ao dos principais mercados mundiais, mas que cresce constantemente. O setor movimenta US$ 25 bilhões no mundo. A média de evolução da floricultura brasileira nos últimos anos foi de 15%, percentual que não deverá ser atingido neste ano devido à retração da economia. A evolução menor no setor não ocorre apenas no Brasil. Os EUA, que movimentam US$ 14 bilhões por ano na cadeia das flores, também sofrem os efeitos da desaceleração da economia e estão com crescimento de apenas 1% ao ano. A floricultura começa a atrair não só mais produtores, como também a atenção de governos e entidades de pesquisa. O governo federal vê no setor uma saída para aumentar as exportações. A Apex (Agência de Promoção de Exportações), junto com o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), lançou um programa para elevar a qualificação das plantas e atender às exigências do mercado externo. Pólo cearense O Brasil, que até há pouco tempo estava fora desse mercado, deverá atingir exportações de US$ 20 milhões neste ano. São Paulo é responsável por 70%. No Ceará, outro pólo importante de produção e exportação, o governo estadual vê nas flores uma saída para elevar o emprego no campo e aumentar a renda dos produtores. A floricultura exige pouca terra e tem alta rentabilidade, diz Rubens Aguiar, da Seagri (Secretaria da Agricultura e Pecuária do Ceará). Um hectare plantado com frutas como uva e manga emprega até três pessoas, e a receita chega a R$ 10 mil por ano. Já o cultivo de rosas na mesma área emprega até 15 pessoas, e a receita varia de R$ 100 mil a R$ 200 mil, diz ele. O bom retorno atraiu também a atenção da Embrapa, que já tem 17 técnicos atuando no setor. Daniel Terao, da Embrapa Agroindústria Tropical, diz que a entidade busca novas tecnologias e redução de custos para inserir no mercado também pequenos produtores. A pequena utilização de terra e o bom retorno podem ser uma das saídas para as famílias do campo, diz o pesquisador. Nas contas da Embrapa, o plantio de flores em um hectare de terra pode render 30 vezes mais que o de milho, e três vezes mais que o de uva e de manga. Sérgio Puppo Nogueira, presidente do Ibraflor, faz uma recomendação aos que estão interessados nessa cultura: "Não cair de pára-quedas". O setor é difícil e exige qualidade dos produtos e tecnologia no cultivo. Nogueira recomenda aos novos produtores, antes de iniciar as atividades, conhecer o mercado, escolher o produto certo para a região e buscar consultoria de órgãos especializados. Problemas de mercado O Brasil tem grande potencial para a produção de flores, mas ainda tem problemas internos e externos para resolver. Internamente, o consumo é baixo. Paulo Fernandes, coordenador da Expoflora, evento realizado anualmente em Holambra (SP), diz que os brasileiros gastam, em média, US$ 6 por ano com flores. Já a média de consumo na América Latina é de US$ 25, e na Europa, de US$ 100. Segundo Nogueira, é preciso popularizar o consumo de flores. "Levar as flores para supermercados e inserir no mercado também a população de menor renda." Para Rodrigo Aquino de Paula, do Deral paranaense, "o mercado precisa se organizar para acabar com um dos principais gargalos, que é a comercialização". No campo externo, a participação brasileira ainda é mínima. Apesar de ter a sexta maior área de cultivo com flores no mundo, o Brasil tem participação pequena nos US$ 7 bilhões que giram no comércio internacional por ano. Mas Nogueira diz que é importante o Brasil participar cada vez mais do mercado externo, até para desenvolver melhores tecnologias e produtos com qualidade. Para mostrar o quanto o Brasil ainda precisa crescer no mercado externo, Aguiar compara os dados da Colômbia, líder no setor na América Latina, com os do Brasil. Os colombianos obtêm receitas anuais de US$ 600 milhões com flores, enquanto os brasileiros vendem entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões. Terao diz que o Brasil deve avançar cada vez mais nas exportações, mas é preciso ter continuidade na oferta de produto e volume suficiente, dois ingredientes exigidos pelo mercado externo. Expoflora Ocorre no Brasil a principal exposição do setor na América Latina: a Expoflora. Realizado pela 22ª vez, o evento deverá atrair pelo menos 250 mil pessoas a Holambra (140 km de São Paulo). Na avaliação de Fernandes, a exposição injetará R$ 7 milhões na economia da região. A feira vai até 21 de deste mês, e abre apenas de quinta-feira a domingo. Texto Anterior: Vizinho em crise: Kirchner quer sinal de acordo para pagar FMI Próximo Texto: Praga: Ipê-mirim destrói áreas de pastagem Índice |
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