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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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PRAGA

No PR, espécie acabou com 15 mil hectares; MS tenta barrar proliferação

Ipê-mirim destrói áreas de pastagem

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Quem vê o amarelinho, ou ipê-mirim, enfeitando jardins ou campos não imagina que aquela linda espécie, com suas floradas amarelas, é uma planta invasora que já destruiu pastos pelo país.
No Paraná, há até uma resolução proibindo a introdução, transporte e plantio de raízes, galhos e sementes da Tecoma stans no Estado, tal a proporção de destruição que ela alcançou ali.
"Estamos rezando para o amarelinho acabar", diz Walter Miguel Kranz, engenheiro agrônomo e pesquisador do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná).
Segundo ele, 15 mil hectares de pastagens já foram destruídos no Estado, 50 mil hectares estão infectados e o amarelinho está presente em mais da metade dos municípios paranaenses.
"Cada hectare engorda um boi por ano. Então, pode calcular que já perdemos 15 mil cabeças que poderiam ter sido engordadas a mais", afirma Kranz.
Atualmente, a Universidade Regional de Blumenau (SC) coordena projeto para desenvolver um controle biológico da espécie.
Em Mato Grosso do Sul, onde a ciganinha é a preocupação maior enquanto praga que atinge a pastagem, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já está preocupada com o avanço do ipê-mirim. "A Prefeitura de Campo Grande estava recomendando o plantio do amarelinho na jardinagem da cidade para evitar o enrosco das árvores nos fios da rede elétrica -sendo que ele cresce e toma porte arbóreo. E ele se propaga fácil, pode chegar aos pastos logo", disse o pesquisador Saladino Gonçalves Nunes.
Em Terenos, cidade próxima de Campo Grande, a Embrapa coordenou um exitoso programa para erradicação do amarelinho.

Como age
Tendo condições boas de umidade, a semente da tecoma cai no solo e brota. Ao crescer, vira um pequeno arbusto e, depois, uma árvore que encobre a vegetação abaixo dela, destruindo-a. Ao gado não apetece comer o amarelinho; assim, a área infestada acaba inutilizada para o pasto.
Espécie originária do México e sul dos Estados Unidos, o ipê-mirim foi trazido para o Brasil sem suas pragas naturais. Segundo Kranz, por não encontrar inimigos é que ele se prolifera tão forte e rapidamente.
Nunes, da Embrapa, afirma que cada vagem da espécie tem cerca de 70 sementes ou mais.
Suas principais formas de propagação são a ação do vento -que carrega as sementes- e do homem -que planta ou transporta a espécie.


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