São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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APLICAÇÕES

Mercado não vê crise, pois R$ 3,5 bi saíram de um FAC exclusivo em agosto

Fundos de investimento têm resgates de R$ 3,885 bi

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de fundos de investimento registrou resgates líquidos de R$ 3,885 bilhões em agosto. Mas, diferentemente do que parece, o resultado não significa que o mercado de fundos esteja vivendo uma crise.
Segundo o site Fortuna, que faz minucioso acompanhamento dos fundos de investimento, apenas um fundo exclusivo (o FAC Milênio) foi responsável pela saída líquida de R$ 3,5 bilhões -ou 90% de todo o saldo negativo registrado em agosto.
Detalhes sobre esse fundo, que é exclusivo, não são divulgados pela Anbid por solicitação do próprio cotista. Os fundos exclusivos geralmente têm só um cotista, que pode ser uma empresa ou um grande investidor.
Dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimentos) ainda mostram que, da captação negativa (diferença entre saques e aplicações) do mês, R$ 1,1 bilhão é referente ao pagamento de Imposto de Renda.
Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, afirma que, se não fosse por esse resgate, "a indústria de fundos teria se mantido praticamente estável durante o mês de agosto".
No ano, o mercado de fundos tem captação positiva de R$ 9,8 bilhões. O patrimônio líquido do mercado era de R$ 558 bilhões no último dia 1º.
Um dos principais destaques do mês foram os fundos de previdência, que tiveram captação líquida de R$ 865 milhões. No ano, acumulam captação de R$ 6,04 bilhões.
Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) também seguem atraindo os investidores. Em agosto, esse tipo de aplicação captou R$ 1,65 bilhão. "O CDB tem um ganho potencial menor, mas é menos volátil que outras aplicações. Isso atrai uma parcela dos investidores", diz José Alberto Tovar, sócio-diretor da Arx Capital Management.
Em agosto, os CDBs prefixados deram rentabilidade média de 1,29%. A caderneta de poupança pagou 0,70%.
A mais conservadora das aplicações, a caderneta de poupança, teve captação negativa de R$ 232,6 milhões em agosto. Mas, entre maio e julho, a poupança registrou captação positiva de cerca de R$ 4 bilhões.
Os fundos multimercados foram o principal destaque negativo. Essa modalidade de aplicação registrou saída líquida de R$ 2,08 bilhões em agosto. Os multimercados carregam tanto títulos de renda fixa como de renda variável e representam risco maior para os investidores. Analistas avaliam que esse tipo de aplicação é positiva para o médio e longo prazos.

Perdas
O pior mês do ano para os fundos de investimentos foi maio, quando a captação do mercado ficou negativa em R$ 4,076 bilhões.
No período, o Tesouro Nacional chegou a cancelar leilões de venda de títulos públicos, além de recomprar papéis do governo de prazos de vencimento mais longos (entre 2007 e 2009). Isso aconteceu como resposta do governo à elevada turbulência do mercado. Os títulos públicos estavam sofrendo desvalorização, especialmente em abril e maio. Como fundos de renda fixa e DI carregam esses papéis, passaram a perder rentabilidade, espantando muitos investidores.
No próximo mês, a entrada em vigor da conta-investimento deve ajudar a melhorar o desempenho dos fundos.
A conta-investimento foi criada pelo governo para permitir que os investidores, sobretudo as pessoas físicas, possam trocar de fundos sem ter de pagar a CPMF. Uma vez depositados os recursos na conta-investimento, o aplicador poderá trocar de fundo e de gestor sem pagar a contribuição de 0,38%. (FABRICIO VIEIRA)


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