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Alckmin critica pacto; CUT pede apoio
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APARECIDA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), chamou
ontem de "desgastada" a proposta de pacto social entre trabalhadores, indústrias, bancos e governo articulada pela CUT (Central
Única dos Trabalhadores) e pela
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).
"Esse termo "pacto" está extremamente desgastado. Eu entendo
que o Brasil tem hoje uma situação mais estável. Você tem um regime monetário melhor, nós
aprendemos a controlar a inflação e também temos regimes
cambial e fiscal melhores", disse.
"Agora é aproveitar esTe momento em que o mundo está crescendo para pisar no acelerador e
fazer crescer emprego, renda e
trabalho. Essa é a questão central", afirmou Alckmin, após participar, no Santuário Nacional de
Aparecida (167 km de SP), da celebração do centenário da coroação de Nossa Senhora Aparecida.
A articulação de um "contrato
social" foi divulgada na semana
passada pelo presidente da CUT,
Luiz Marinho, e apoiada publicamente pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na última segunda-feira, embora encontre resistência
dentro da equipe econômica,
principalmente do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O ministro atacou a proposta no
início da semana, durante reunião ministerial. Para ele, o pacto
pode provocar uma grande pressão para aumento de preços e,
com isso, elevar a inflação.
O pacto prevê que durante três
anos o setor produtivo seja submetido a uma espécie de controle
de preços aliado à injeção de investimentos. Um dos objetivos é
impedir a alta dos juros, hoje fixados em 16% ao ano.
Ao governo caberia o papel de
reduzir a carga tributária, enquanto o setor financeiro se responsabilizaria por baixar o custo
dos empréstimos bancários.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, pediu ontem empenho do
governo para viabilizar o projeto.
Segundo ele, sem a sinalização federal de apoio, o pacto pode não
sair do campo das idéias.
"Vamos ou não vamos [para o
acordo]? O governo tem de apostar nesse acordo. Porque, se não
apostar, não tem negociação possível", disse Marinho.
Segundo ele, os rumores de que
o fechamento de um pacto social
teria rachado a cúpula do governo
não enfraquece a proposta.
"Quando pensamos em governo, é no presidente Lula que nos
referenciamos e não nesse ou naquele ministro. É do presidente
que vamos cobrar uma posição
sobre uma negociação nacional."
A CUT também criticou a possibilidade de uma elevação na taxa
de juros. "Nosso juro já está entre
os mais altos do mundo. Não podemos suportar uma nova alta.
Precisamos de um acordo nacional para sustentar o crescimento
por um longo prazo", afirmou.
O pacto conta com o apoio do
presidente eleito, Paulo Skaf. Marinho pretende apresentar o plano para outros grupos empresariais, como a CNI (Confederação
Nacional da Indústria), na próxima semana.
"O importante é que o país tenha um desenvolvimento que seja
permanente e duradouro. As exportações brasileiras estão ajudando a recuperar um pouco o
mercado interno, mas nós precisamos fazer isso de forma mais vigorosa. Temos o gargalo na questão da infra-estrutura e da logística, e aí é que precisamos de um esforço grande para o país ter um
crescimento maior e não ser limitado ou por problema de energia
elétrica ou por problema no
transporte", disse Alckmin.
O secretário-geral da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), João Felício, negou que a
proposta de um pacto social resulte em perdas salariais para os
trabalhadores. "Não vamos reivindicar reajustes abaixo da inflação. Até porque quem faz acordos
são os sindicatos e não a CUT."
Felício afirmou que o objetivo
das negociações que vêm sendo
feitas com a Fiesp e o governo é
quebrar o ciclo de alta dos juros
sem que isso signifique risco de
alta da inflação.
Com a Folha Online
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