São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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Alckmin critica pacto; CUT pede apoio

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM APARECIDA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), chamou ontem de "desgastada" a proposta de pacto social entre trabalhadores, indústrias, bancos e governo articulada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Esse termo "pacto" está extremamente desgastado. Eu entendo que o Brasil tem hoje uma situação mais estável. Você tem um regime monetário melhor, nós aprendemos a controlar a inflação e também temos regimes cambial e fiscal melhores", disse.
"Agora é aproveitar esTe momento em que o mundo está crescendo para pisar no acelerador e fazer crescer emprego, renda e trabalho. Essa é a questão central", afirmou Alckmin, após participar, no Santuário Nacional de Aparecida (167 km de SP), da celebração do centenário da coroação de Nossa Senhora Aparecida.
A articulação de um "contrato social" foi divulgada na semana passada pelo presidente da CUT, Luiz Marinho, e apoiada publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última segunda-feira, embora encontre resistência dentro da equipe econômica, principalmente do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
O ministro atacou a proposta no início da semana, durante reunião ministerial. Para ele, o pacto pode provocar uma grande pressão para aumento de preços e, com isso, elevar a inflação.
O pacto prevê que durante três anos o setor produtivo seja submetido a uma espécie de controle de preços aliado à injeção de investimentos. Um dos objetivos é impedir a alta dos juros, hoje fixados em 16% ao ano.
Ao governo caberia o papel de reduzir a carga tributária, enquanto o setor financeiro se responsabilizaria por baixar o custo dos empréstimos bancários.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, pediu ontem empenho do governo para viabilizar o projeto. Segundo ele, sem a sinalização federal de apoio, o pacto pode não sair do campo das idéias.
"Vamos ou não vamos [para o acordo]? O governo tem de apostar nesse acordo. Porque, se não apostar, não tem negociação possível", disse Marinho.
Segundo ele, os rumores de que o fechamento de um pacto social teria rachado a cúpula do governo não enfraquece a proposta.
"Quando pensamos em governo, é no presidente Lula que nos referenciamos e não nesse ou naquele ministro. É do presidente que vamos cobrar uma posição sobre uma negociação nacional."
A CUT também criticou a possibilidade de uma elevação na taxa de juros. "Nosso juro já está entre os mais altos do mundo. Não podemos suportar uma nova alta. Precisamos de um acordo nacional para sustentar o crescimento por um longo prazo", afirmou.
O pacto conta com o apoio do presidente eleito, Paulo Skaf. Marinho pretende apresentar o plano para outros grupos empresariais, como a CNI (Confederação Nacional da Indústria), na próxima semana.
"O importante é que o país tenha um desenvolvimento que seja permanente e duradouro. As exportações brasileiras estão ajudando a recuperar um pouco o mercado interno, mas nós precisamos fazer isso de forma mais vigorosa. Temos o gargalo na questão da infra-estrutura e da logística, e aí é que precisamos de um esforço grande para o país ter um crescimento maior e não ser limitado ou por problema de energia elétrica ou por problema no transporte", disse Alckmin.
O secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, negou que a proposta de um pacto social resulte em perdas salariais para os trabalhadores. "Não vamos reivindicar reajustes abaixo da inflação. Até porque quem faz acordos são os sindicatos e não a CUT."
Felício afirmou que o objetivo das negociações que vêm sendo feitas com a Fiesp e o governo é quebrar o ciclo de alta dos juros sem que isso signifique risco de alta da inflação.


Com a Folha Online

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