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PIB
Instituto eleva de 3,5% a 4,6% previsão de expansão neste ano, mas vê crescimento de só 3,8% no próximo
Ipea mantém ceticismo para 2005
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O crescimento acima do esperado da economia brasileira no primeiro semestre fez o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, revisar a projeção do
PIB (Produto Interno Bruto) deste ano de 3,5% para 4,6%. Em
compensação, a estimativa continua a ser de que a economia crescerá menos em 2005. A previsão
do PIB do próximo ano, que era
de 3,7%, passou para 3,8%.
No seu Boletim de Conjuntura
divulgado ontem, o Ipea afirma
que, para o país avançar numa
média de crescimento de 5% ao
ano, o setor público precisa poupar mais, ou seja, aprofundar o
ajuste fiscal. Entre as medidas defendidas, está o aumento do superávit primário (economia de receitas para o pagamento de juros),
cuja meta atual é de 4,25% do PIB.
Ele não fez previsão de quanto deveria ser este aumento.
O PIB do primeiro semestre, divulgado na semana passada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cresceu 4,2%
em relação ao mesmo período de
2003. O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo
Levy, afirmou que, pelo fato de a
economia brasileira ter passado
por "um período relativamente
longo" de investimentos muito
baixos, uma "retomada um pouco mais forte do crescimento leva
rapidamente determinados setores da economia ao limite de sua
capacidade de produção".
Para o Ipea, o país precisa aumentar os níveis de investimento
para sustentar o atual ritmo de
crescimento do PIB. "A taxa de
investimento caiu de um patamar
de 19,5% do PIB, na qual oscilou
da segunda metade dos anos 1990
até 2002, para 18% do PIB em
2003" -último dado divulgado
pela União. Segundo estimativa
do instituto, a taxa deve ficar entre
19% e 20% do PIB em 2004.
O Ipea calcula que a taxa de investimentos tem que atingir 25%
do PIB nos próximos anos. "Se isso não acontecer, você acaba tendo ou pressões inflacionárias ou
um desequilíbrio no setor externo
sob a forma de uma redução do
superávit na balança comercial
[por causa do aumento das importações para suprir a demanda]." No caso do setor siderúrgico, por exemplo, as usinas estão
operando com mais de 90% de
sua capacidade instalada.
Para o Ipea, os estímulos aos investimentos já estão sendo dados
pelo simples fato de a economia
estar crescendo. Por isso, é preciso aumentar a poupança do país
para financiar a expansão.
"É difícil imaginar que se possa
atingir os níveis de investimentos
para aumentar de forma sustentada o crescimento sem um esforço
adicional por parte do setor público", diz o boletim. "Isso pode ser
alcançado por uma combinação
de redução de pagamento de juros reais, crescimento do superávit primário e aumento da proporção do investimento do gasto
público." Resumindo, segundo
Levy, o governo tem que "aprofundar o ajuste fiscal para aumentar a poupança do setor público".
O boletim diz ainda que o terceiro trimestre "deve crescer ainda forte na comparação com o
mesmo período do ano passado
[5,6%], mas se espera uma desaceleração" em comparação ao segundo trimestre "à medida que
perdem força o impulso da queda
de juros reais do final do ano passado e o das exportações líquidas,
agora que as importações voltaram a crescer aceleradamente".
Segundo o instituto, o impacto
dos dois casos "tende a ser moderado, seja porque o crédito continua crescendo em termos reais,
seja porque as exportações continuam em ritmo forte".
O Ipea aumentou de 6,5% para
7,3% a estimativa de inflação para
2004. E prevê que a taxa básica de
juros (Selic), hoje em 16%, atinja
16,2% neste ano. "É um cenário,
não estamos prevendo que vá
acontecer", disse Levy. "É só a leitura de dados mais recentes, como a ata do Copom e do comportamento dos mercados futuros."
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