São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros -@ guilherme.barros@uol.com.br

PIB fraco influencia decisão do Copom

Apesar de a ata do Copom divulgada ontem ter indicado que será adotada "mais parcimônia" nas próximas reuniões, o ambiente econômico é de tal modo favorável para manter a inflação baixa que parece pouco provável a redução do ritmo de corte da taxa de juros, segundo o economista Roberto Padovani, da Tendências.
Tudo leva a crer, para Padovani, que o Banco Central irá provavelmente postergar a "maior parcimônia" que já vinha sendo esperada na última reunião e promova um novo corte de 0,5 ponto percentual na reunião de outubro
A decisão do Copom de agosto, de acordo com Padovani, pode representar uma mudança na forma como o mercado irá formar as expectativas em relação à taxa de juros. "Ficou claro que a conjuntura econômica também terá espaço importante nas decisões do Copom", diz.
O economista Octavio de Barros, diretor de pesquisa e estudos econômicos do Bradesco, também aposta num novo corte de 0,5 ponto percentual em outubro. Ainda que o BC opere em um regime de metas seja a inflação, ele também acha que a recuperação mais modesta da atividade no primeiro semestre influenciou a decisão do Copom.
Para Octavio de Barros, dado que "há um amplo conforto em relação à meta deste ano, o BC não precisa tomar riscos em termos da atividade".
Para 2007, o economista acha provável que o BC continue o processo de redução dos juros. "Não podemos descartar um processo longo de redução dos juros sujeitos a algumas interrupções mas sem grandes riscos para a inflação por conta do crescimento próximo ao potencial, da menor inércia inflacionária, do patamar esperado para a taxa de câmbio e da folga em termos das contas externas nos próximos trimestres", diz.

CORES DO BRASIL
O Caras do Brasil, programa de apoio a pequenos fornecedores do grupo Pão de Açúcar, está completando três anos. No período, o faturamento mensal do programa subiu de R$ 33 mil mensais durante os cinco primeiros meses para os atuais R$ 2 milhões ao mês. De acordo com Beatriz Queiroz, responsável pelo programa, o grupo oferece às comunidades produtoras condições facilitadas de fornecimento, como redução do prazo de pagamento e da margem de lucro para a cadeia varejista. "Escolhemos fornecedores que trabalham de forma sustentável, com geração de renda, inclusão social e respeito ao meio ambiente", afirma Queiroz. O programa está presente em 36 lojas espalhadas por 19 Estados.

DESENVOLVIMENTO
A Academia Brasileira de Letras realiza, na próxima quinta, a sexta edição do seminário "Brasil, brasis", com coordenação do acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco e exposição do ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal. O objetivo é debater impasses e impactos sócio-culturais do desenvolvimento regional. Participam Wilson Cano (Unicamp), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira (Firjan), Clóvis Cavalcanti (UFPE) e Roberto Cavalcanti de Albuquerque (Inae).

PONTE AÉREA
A AaA PUC-Rio (Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio) vai inaugurar, na próxima semana, seu núcleo em São Paulo, com almoço no WTC, com a presença do reitor da universidade. Fazem parte do comitê organizador, além de Thomás Tosta de Sá (presidente da associação no Rio) e de Fernando Curado (presidente do grupo em SP), os ex-alunos Alceu Amoroso Lima Filho, Mauro Salles, Josino de Almeida Fonseca, Gilberto Bomeny, Hélio Lima e Luciana Caldas.

DESPERDÍCIO
Em palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, o economista Albert Fishlow, professor da Universidade de Columbia em Nova York, afirmou que o Brasil não soube aproveitar a janela de oportunidade aberta nos últimos quatro anos de melhor conjuntura internacional desde o começo dos anos 70, e não teria mais tempo a perder para acelerar reformas nas áreas fiscal, microeconômica e educacional para fazer frente aos desafios que vêm pela frente. Fishlow manifestou preocupações para o médio prazo. Ele não vê boas chances para a resolução dos desequilíbrios financeiros da economia norte-americana no mandato de Bush e de seu sucessor, uma vez que isso implicaria medidas impopulares, a começar pelo aumento de impostos. Fishlow disse que enxerga riscos também -sobretudo políticos- para a manutenção do ritmo de crescimento na China. No curto prazo, no entanto, o economista disse acreditar em um cenário de manutenção do crescimento na China e na desaceleração suave da economia norte-americana, sem estouro da "bolha imobiliária" que sustentou a atividade econômica daquele país nos últimos anos. Essa combinação permitiria a continuidade de uma situação positiva, ainda que em um ritmo menor do que o dos últimos quatro anos.

NAS AMÉRICAS
A América Móvil, empresa de telefonia celular, acaba de unificar suas marcas na América Central com o nome Claro. Criada no Brasil, a marca já havia sido exportada para as empresas do grupo no Chile e no Peru. A Claro está agora em sete países da América Latina -Brasil, Chile, Peru, Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua-, totalizando 30 milhões de usuários no continente.

Codesp proíbe atracação de inadimplentes

Na próxima segunda, a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), administradora do porto de Santos, irá determinar a proibição de atracação de embarcações de empresas arrendatárias do porto que estejam inadimplentes. Na lista, há cerca de 20 empresas com dívidas de atracação, de movimentação, de mensalidades e de locação de terminais. O objetivo é de pressioná-las a pagar o que devem para que o próprio porto possa quitar cerca de R$ 700 milhões em passivos trabalhistas e fiscal. Segundo Mauro Marques, diretor administrativo e financeiro da Codesp, o porto arrecada entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões por mês. Das 20 empresas devedoras, Marques diz que nove ainda não renegociaram suas dívidas. O diretor da Codesp aponta a Libra Terminais como "a maior e mais problemática" devedora, com R$ 428 milhões em dívida. "Nós chegamos a recalcular a dívida com a Justiça há quatro meses, que seria paga em 33 anos, a R$ 300 mil por mês, mas a empresa ignora", diz Marques. O presidente da Libra, Mauro Salgado, nega que a empresa esteja inadimplente. Segundo ele, há dois contratos de arrendamento com o porto e uma pendência desde o início do contrato, em 1998. A pendência, segundo ele, seria de a empresa ter recebido um terminal diferente do previsto no contrato. Salgado contesta o valor de R$ 428 milhões para a dívida. De acordo com ele, a Libra não deve ser impedida de atracar na segunda porque não faz parte do grupo de empresas inadimplentes. Marques diz, porém, que a Libra Terminais foi considerada inadimplente na Justiça. Ele diz que até já avisou aos juízes da proibição de atracação das embarcações da Libra.


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