São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Juro pode cair mais 0,5 ponto, sinaliza BC

Ata da última reunião do Copom aponta que taxa Selic deve ter nova queda, mas documento continua a sugerir cautela

Banco explica na ata que no mês passado considerou um corte de apenas 0,25 ponto percentual, como esperava a maior parte do mercado


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central deu sinais de que poderá reduzir mais uma vez os juros em 0,5 ponto percentual, como fez em agosto, superando as expectativas dos analistas econômicos. Mas, para manter o tom de cautela, indicou na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada ontem que um corte de 0,25 ponto percentual também está entre as opções.
Os diretores do BC explicam na ata que no mês passado consideraram um corte de apenas 0,25 ponto percentual, como esperava a maior parte do mercado. Além disso, mantiveram a observação, já incluída em atas anteriores, de que a queda da taxa Selic poderá ser conduzida "com maior parcimônia".
O BC considera que a renda, o emprego e o crédito continuarão crescendo nos próximos meses e estimulando a economia. Além disso, citam o aumento do salário mínimo, dos gastos crescentes do governo e da própria queda dos juros desde setembro do ano passado como elementos que vão impulsionar a demanda.
O que fez os diretores optarem por um corte maior foi o comportamento da inflação. Entre junho e julho houve uma redução na expectativa de aumentos de preços. A inflação medida pelo IPCA (índice usado como meta) nos últimos 12 meses terminados em julho foi de 3,97%. No início do ano, o mercado projetava uma inflação de 5,7% para esse período.
"O recado ainda é de cautela. O BC certamente não fechou a porta para uma queda de 0,25 na próxima reunião, mas também mostrou que não tem compromisso com a parcimônia quando não é necessária", explica o economista-chefe do Banco Itaú, Tomás Málaga.
"A promessa de "parcimônia" do BC perde um pouco a credibilidade. O que a ata deixa claro é que o BC não vai seguir essa regra estritamente. Pode haver mudanças entre uma reunião e outra que alterem essa recomendação" completa Sérgio Valle, da MB Associados.
E os índices divulgados após a reunião do Copom só reforçam que a "parcimônia" não será necessária. O IPCA de agosto -que mostrou inflação de apenas 0,05%, quando as projeções apontavam alta de até 0,25%- acentuou a percepção do mercado financeiro de que já espaço para outro corte de 0,5 ponto percentual, o que reduziria a Selic de 14,25% ao ano para 13,75% ao ano.
Há ainda o fraco desempenho do Produto Interno Bruto, que cresceu apenas 0,5% no segundo trimestre e, segundo expectativa do mercado, deve fechar o ano com taxa de 3,2%.
A ata mostra cautela maior do BC em relação ao cenário externo. Os diretores reconhecem que a incerteza quanto ao aumento de juros nos Estados Unidos diminuiu, mas a dúvida agora é se o aperto nos juros não foi excessivo e a economia entrará em recessão. O documento também fala em mudanças na balança comercial.


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