São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Após fracasso, G20 tenta ressuscitar Doha

Reunião no Rio será a mais importante desde que negociações para liberalizar comércio mundial foram suspensas, em julho

Encontro, que tem finalidade política, e não negociadora, contará com representantes de EUA, União Européia e OMC


Jeff McIntosh/Associated Press
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo de Rato, fala em Calgary, no Canadá


DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais negociadores da Rodada Doha estarão a partir de hoje no Rio para participar do encontro do G20. Será a mais importante reunião desde que as negociações para a liberalização do comercio mundial emperraram, em julho, em Genebra, por falta de entendimento sobre redução de subsídios domésticos para a produção agrícola oferecidos pelo governo dos Estados Unidos.
O G20 é o grupo de países exportadores de produtos agrícolas, formado durante a Rodada Doha sob a liderança do Brasil e da Índia, que defende o fim dos subsídios nos países ricos e maior acesso a esses mercados.
Embora tenha finalidade política, e não negociadora, o encontro convocado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ganhou importância porque foi o tema agrícola que paralisou a negociação.
Personagens-chave das negociações comerciais vão debater, separadamente, com os ministros dos países que integram o G20, no Copacabana Palace.
O grupo receberá a representante de comércio dos EUA, Susan Schwab, o Comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, e o ministro da Agricultura do Japão, Shoichi Nakagawa, representantes dos principais países com maior sensibilidade na liberalização do comércio agrícola, base da economia da maioria dos países pobres. Pascal Lamy, diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), também participará.
Além deles, também virão ao Rio representantes dos países mais prejudicados tanto pelo protecionismo quanto pelos gastos das economias mais industrializadas para manter suas atividades agrícolas artificialmente competitivas.

Mensagem política
"O encontro representa uma mensagem política de alto nível de que a suspensão da Rodada Doha não é boa e não agrada a ninguém. Não vamos sair do encontro com as bases do relançamento da rodada, mas a mensagem política é importante como esforço para que as negociações sejam retomadas no nível que for possível", disse o diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, ministro Roberto Azevedo.
Segundo ele, com a paralisação da rodada, é quase certo que será preciso renovar a autorização dada pelo Congresso americano para que o Executivo negocie acordos comerciais, conhecido como TPA (Trade Promotion Authority), que vence em julho de 2007, e sem a qual não há rodada. O ponto mais sensível da possível retomada das negociações é manter os ganhos obtidos desde que a rodada foi lançada, em 2001.
O ganho mais importante foi o compromisso dos países ricos de eliminar, até 2013, os subsídios que oferecem às exportações de seus produtos agrícolas. Falta agora acordo para reduzir os gastos governamentais com produção doméstica.

EUA
A representante comercial dos EUA, Susan Schwab, que participará da reunião, disse estar "ativamente procurando um modo de prosseguir com a Rodada Doha".
"Francamente, o G6 [EUA, UE, Brasil, Índia, Austrália e Japão] não conseguiu trazer uma solução. Nós precisamos adicionar novas vozes a esse diálogo e achar parceiros comerciais com mentes abertas que compartilhem do objetivo de uma rodada ambiciosa."


Colaborou a Redação

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