São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo elogia socorro dado a financeiras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A operação de socorro das duas gigantes hipotecárias dos EUA foi elogiada, ontem, por representantes do governo do PT, partido que tradicionalmente criticou o uso de recursos públicos para salvar instituições financeiras com problemas de caixa, como aconteceu no Brasil, na década de 1990, com o Proer.
"É o pragmatismo responsável", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda), quando questionado sobre a operação. "Há um sério problema de risco sistêmico [nos EUA]. Se [o governo norte-americano] deixar a economia degringolar, afetará não só os Estados Unidos, mas a União Européia, o Japão, tudo. O Brasil está fora."
Ao lado da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e dos presidentes do BC, Henrique Meirelles, do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, e da CEF, Maria Fernanda Ramos Coelho, Mantega abriu ontem seminário em Brasília para comemorar os 200 anos do Ministério da Fazenda.
O destaque dos discursos na festa, porém, foi a operação do governo americano, que, para muitos dos economistas presentes, representa o fim do neoliberalismo.
"É uma medida bem-vinda para manter a estabilidade mundial", disse Nelson Barbosa, secretário do Ministério da Fazenda. "Desmistifica a idéia de que mercados livres sempre levam ao melhor resultado", completou.
Dilma considerou a medida correta, mas ironizou a contradição entre o comportamento do governo dos EUA, que saiu em socorro às duas gigantes do setor imobiliário, e o discurso normalmente feito para países em desenvolvimento deixarem o mercado se ajustar.
"Essa história de neoliberalismo só vale para nós [países emergentes]. Nunca houve neoliberalismo no mundo capitalista desenvolvido, nem nos EUA, nem na Europa Ocidental, nem no Japão. O neoliberalismo é uma política para países em desenvolvimento", disse.
A economista do PT Maria da Conceição Tavares disse que "é fantástico que o país [mais] liberal do mundo tenha que estatizar". "Enterraram o neoliberalismo de uma maneira trágica. Custou uma fortuna. O nosso Proer foi mais baratinho", disse.
Para o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, a crise financeira que o mundo vive hoje mostra a necessidade de renovar o papel do Estado.
Já o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o resgate contribuirá para a redução da volatilidade nos mercados financeiros. "O que sempre é positivo também para o nosso gerenciamento doméstico", afirmou em conferência telefônica com investidores


Com a Reuters


Texto Anterior: Alívio para os EUA não garante melhora no Brasil
Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Conservator Tabajara e estatização
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.