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Investidor privado quer fim de regime de urgência
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de perderem a batalha pela manutenção do modelo de concessão para exploração de petróleo na camada pré-sal, os investidores privados já
definiram os próximos passos
para modificar a proposta do
governo e torná-la mais atraente. O ponto de partida é a retirada da urgência na tramitação
dos projetos. A partir daí, vão
trabalhar pelo fim da exclusividade da Petrobras como operadora e para retirar o poder de
veto da nova estatal (Petro-Sal)
nos comitês operacionais que
vão supervisionar a exploração
de cada campo.
Ontem, em audiência pública
na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, membros
do IBP (Instituto Brasileiro de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) disseram aos senadores que o monopólio dado
à Petrobras como operadora e o
forte poder da nova estatal são
inibidores de investimento no
setor. A Petrobras faz parte do
IBP, mas não participa das opiniões e estudos feitos pelo instituto sobre o novo modelo.
Na avaliação do instituto, para trazer capital, os investidores privados precisam influenciar o gerenciamento dos recursos. O poder de veto da Petro-Sal sobre os projetos de exploração nos campos deixa os
investidores sem controle sobre o capital.
"Quem não tem controle sobre o processo não entra com
investimento", avalia Ivan Simões Filho, diretor da BP (British Petroleum) no Brasil e
membro do Comitê de Produção e Exploração do IBP.
Ainda de acordo com Simões,
o fato de a Petrobras ser a única
operadora também inibe transferência de tecnologia. "As empresas só vão transferir tecnologia proprietária se forem operadoras", afirmou.
Para o presidente do IBP,
João Carlos França de Luca, a
definição da Petrobras como
operadora única afeta a competitividade do setor no país. "Vai
ser descontinuado o esforço da
produção de uma indústria
múltipla e competitiva", afirmou.
Diferenças
Na avaliação dos investidores, o pré-sal não pode ser tratado como se fosse uma única
área, com a mesma atratividade. Eles disseram aos senadores que nas regiões mais próximas ao litoral, perto dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, as reservas devem
ser bem menores do que as previstas para os campos de Tupi,
por exemplo.
Como a Petrobras é a única
operadora, ela deixaria essas
regiões paradas e iria se concentrar unicamente no desenvolvimento dos campos mais
rentáveis.
Outro problema levantado
pelos investidores privados foi
a falta de uma definição técnica
sobre o que é o pré-sal no texto
do projeto de lei enviado pelo
governo.
"O pré-sal não foi definido.
Foi definida uma área onde está o pré-sal. Mas há campos
nessa área que não são pré-sal",
explica Murilo Marroquim,
presidente da Devon Energy do
Brasil e também membro do
Comitê de Produção e Exploração do IBP.
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