São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
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BC afrouxa mais restrição a crédito

da Sucursal de Brasília

O Banco Central editou ontem uma medida destinada a aumentar em R$ 3 bilhões o volume de dinheiro que os bancos podem emprestar a seus clientes e, com isso, permitir a redução dos juros cobrados do tomador final.
Foi reduzida de 75% para 65% a parcela dos depósitos à vista -basicamente, dinheiro das contas correntes- que os bancos são obrigados a recolher ao BC.
A redução dos juros cobrados do consumidor é uma das atuais prioridades do governo, que conta com a medida para reaquecer a economia e elevar a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Desde o lançamento do Plano Real, em julho de 94, o recolhimento compulsório de depósitos bancários tem sido uma das principais armas do governo para conter o crescimento econômico.
No lançamento do Real, o compulsório foi elevado a 100% para evitar uma explosão de consumo com a queda da inflação. No ano seguinte, com crises em diversos bancos, o governo começou a reduzir o arrocho monetário.
Neste ano, a queda do compulsório começou a ser estudada com mais atenção porque a redução dos juros do BC, de 45% para 19,5% ao ano, não foi acompanhada de um benefício na mesma proporção aos clientes.
A decisão de reduzir o compulsório foi tomada ontem pela diretoria do Banco Central. O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, disse que até o dia 11 de outubro todos os bancos terão que ter feito o ajuste do compulsório.
O total dos depósitos à vista nos bancos era de cerca de R$ 29,5 bilhões no final de julho. Pela regra nova, os bancos ficarão obrigados a deixar retido no BC um total de 65% desse volume.
Na semana passada, o BC reduziu de 20% para 10% o depósito compulsório sobre os depósitos a prazo, como o CDB (Certificado de Depósito Bancário). A medida liberou R$ 10 bilhões para empréstimos bancários, mas, ainda assim, o mercado avaliou que o efeito sobre a expansão de crédito seria irrelevante.
Figueiredo disse que a redução do compulsório dos depósitos à vista deverá ter um impacto maior sobre as taxas de juros cobradas dos tomadores finais porque está sendo liberado dinheiro barato, que os bancos não precisam remunerar.
A medida tem boa chance de resultar em queda nas taxas de juros para os consumidores, de acordo com os analistas financeiros.
"Desta vez, a mudança é muito mais útil e efetivamente contribui para o sistema financeiro poder reduzir os juros", diz Rogério Estevão, diretor de produtos do Unibanco. Segundo o economista-chefe do banco Bilbao Vizcaya, Octavio de Barros, a medida indica "a determinação do governo em acabar com a cunha fiscal sobre os empréstimos e deve ter um impacto razoável sobre as taxas cobradas ao consumidor".




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