São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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Queda da Selic começa a surtir efeito, diz BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, procura minimizar a importância do fato de a inflação deste ano estar bem abaixo das metas do governo. "Após todo o esforço feito em termos de desinflação nos últimos anos, é natural que observemos a taxa de inflação gravitando em torno da meta central [4,5%]", afirma.
A queda da inflação ocorrida neste ano é creditada, em boa parte, ao efeito da política de juros adotada pelo BC. Essa redução contou com a ajuda de fatores extraordinários: o preço dos alimentos, por exemplo, foi influenciado por condições climáticas favoráveis e tiveram pouca variação, ajudando no controle da inflação.
De agora em diante, porém, a expectativa é que a queda da taxa Selic, iniciada em setembro do ano passado, permita uma ligeira alta dos preços. Para 2007, Bevilaqua conta com a redução dos juros para que a inflação volte a ficar mais perto dos 4,5% perseguidos pelo BC.
No cenário traçado por ele, com a taxa Selic caindo dos atuais 14,25% para 13% até dezembro de 2007, a inflação do ano que vem ficaria em 5,2%. "Estamos ainda bastante longe de dezembro de 2007, e ainda existe tempo para que essas expectativas se ajustem para cima ou para baixo. Tem muita coisa que pode acontecer", diz.
O próprio fato de a inflação deste ano estar bem abaixo da meta já é um fator que deve ajudar no cumprimento da meta de inflação de 2007, já que os preços do ano que vem serão pouco contaminados pelos reajustes decididos neste ano. Apesar disso, o BC aponta alguns obstáculos que podem puxar a inflação do ano que vem para cima.

Cenário externo
Os maiores riscos apontados se referem à evolução do cenário externo, mais especificamente da economia norte-americana. Ainda há dúvidas sobre o futuro da inflação nos EUA, além da preocupação com a possibilidade de que a atual desaceleração sofrida pelo país possa se transformar em recessão num futuro próximo.
O comportamento dos preços de produtos como o petróleo também é um fator de risco apontado pelo BC.
No cenário interno, Bevilaqua ressalta que ainda há muitas dúvidas sobre "as defasagens com que opera o mecanismo de transmissão da política monetária", o que, em outras palavras, significa que ainda não se sabe ao certo qual o efeito que os cortes sofridos pela taxa Selic desde o ano passado terão tanto sobre a inflação quanto sobre o crescimento da economia.


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