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FolhaInvest
Fundos indexados à inflação "encolhem"
Recuo dos índices de preços diminui atratividade da aplicação; perda de patrimônio líquido chega a superar 90% em alguns casos
Mesmo assim, há fundos que mantêm rentabilidade próxima à oferecida nos DI,
embora também tenham perdido investidores
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O acentuado processo de
queda dos índices de inflação,
que chegou a surpreender os
analistas, tirou muito da atratividade das aplicações que
acompanham o vaivém dos
preços. O patrimônio desses
fundos, hoje, não é nem sombra
do que foi no fim de 2002,
quando atingiram seu auge.
Os fundos que sobreviveram
-muitos se transformaram em
fundos de renda fixa, outros desapareceram- têm de conviver
atualmente com uma perda de
patrimônio líquido em menos
de quatro anos que, na maioria
dos casos, supera os 90%.
"Os fundos de inflação perderam rentabilidade e recursos
nos últimos anos. Foi o medo
da disparada da inflação que
turbinou essas aplicações. Superado esse medo, muita gente
sacou seus recursos", afirma
Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, que acompanha o mercado de fundos de
investimento.
Há, entretanto, fundos desse
segmento com bons ganhos no
ano. O Capital Inflation Index
-que pertencia ao BankBoston, cujas operações foram
vendidas no Brasil para o Itaú
em maio- registra em 2006
rentabilidade de 11,71%, um retorno próximo ao registrado
pelos fundos DI.
Segundo Aymar Almeida,
gestor do Itaú, o Capital Inflation Index não tem sofrido com
resgates fortes neste ano. "É
um fundo que teve um crescimento muito rápido, mas que
diminuiu de tamanho também
rapidamente", conta.
Em novembro de 2002, o
fundo chegou a contar com patrimônio de R$ 1,67 bilhão, turbinado pela coqueluche que os
fundos de inflação se tornaram
no segundo semestre daquele
ano. Hoje, o patrimônio é de
apenas R$ 37,36 milhões -encolhimento de 97,76%.
Há quatro anos, a inflação
deu sinais de que poderia voltar
a sair de controle. Muitas instituições financeiras aproveitaram o momento e correram para lançar fundos atrelados a índices de preços. O público, mesmo o pequeno investidor, respondeu aos novos produtos e
aplicou grandes somas de recursos na expectativa de lucrar
com a inflação crescente.
Perda de força
Mas, com a inflação mostrando sinais de arrefecimento em
2003, a correria foi inversa: os
investidores sacaram com rapidez seus recursos, causando
problemas a muitos gestores,
que tiveram dificuldades para
repassar os títulos públicos
atrelados à inflação que compõem as carteiras dos fundos.
Um outro exemplo: o fundo
WestLB Inflation Referenciado IGP-M, que contou com patrimônio líquido de R$ 122,23
milhões no fim de 2002, registra hoje apenas R$ 7,87 milhões
de patrimônio. O fundo tem
uma rentabilidade de 7,56%
acumulada no ano.
"Com a mudança de cenário,
vimos uma tendência de os fundos mudarem de nome ou mesmo fecharem", afirma D'Agosto, do site Fortuna.
Atualmente essas aplicações
estão muito mais direcionadas
a investidores qualificados
(que têm somas elevadas para
aplicarem) e que são detentores de dívidas atreladas a algum
índice de inflação. Dessa forma,
podem se proteger da oscilação
dos preços e ainda lucrarem
com o pagamento de alguma taxa de juro.
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