São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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FolhaInvest

Fundos indexados à inflação "encolhem"

Recuo dos índices de preços diminui atratividade da aplicação; perda de patrimônio líquido chega a superar 90% em alguns casos

Mesmo assim, há fundos que mantêm rentabilidade próxima à oferecida nos DI, embora também tenham perdido investidores

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O acentuado processo de queda dos índices de inflação, que chegou a surpreender os analistas, tirou muito da atratividade das aplicações que acompanham o vaivém dos preços. O patrimônio desses fundos, hoje, não é nem sombra do que foi no fim de 2002, quando atingiram seu auge.
Os fundos que sobreviveram -muitos se transformaram em fundos de renda fixa, outros desapareceram- têm de conviver atualmente com uma perda de patrimônio líquido em menos de quatro anos que, na maioria dos casos, supera os 90%.
"Os fundos de inflação perderam rentabilidade e recursos nos últimos anos. Foi o medo da disparada da inflação que turbinou essas aplicações. Superado esse medo, muita gente sacou seus recursos", afirma Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, que acompanha o mercado de fundos de investimento.
Há, entretanto, fundos desse segmento com bons ganhos no ano. O Capital Inflation Index -que pertencia ao BankBoston, cujas operações foram vendidas no Brasil para o Itaú em maio- registra em 2006 rentabilidade de 11,71%, um retorno próximo ao registrado pelos fundos DI.
Segundo Aymar Almeida, gestor do Itaú, o Capital Inflation Index não tem sofrido com resgates fortes neste ano. "É um fundo que teve um crescimento muito rápido, mas que diminuiu de tamanho também rapidamente", conta.
Em novembro de 2002, o fundo chegou a contar com patrimônio de R$ 1,67 bilhão, turbinado pela coqueluche que os fundos de inflação se tornaram no segundo semestre daquele ano. Hoje, o patrimônio é de apenas R$ 37,36 milhões -encolhimento de 97,76%.
Há quatro anos, a inflação deu sinais de que poderia voltar a sair de controle. Muitas instituições financeiras aproveitaram o momento e correram para lançar fundos atrelados a índices de preços. O público, mesmo o pequeno investidor, respondeu aos novos produtos e aplicou grandes somas de recursos na expectativa de lucrar com a inflação crescente.

Perda de força
Mas, com a inflação mostrando sinais de arrefecimento em 2003, a correria foi inversa: os investidores sacaram com rapidez seus recursos, causando problemas a muitos gestores, que tiveram dificuldades para repassar os títulos públicos atrelados à inflação que compõem as carteiras dos fundos.
Um outro exemplo: o fundo WestLB Inflation Referenciado IGP-M, que contou com patrimônio líquido de R$ 122,23 milhões no fim de 2002, registra hoje apenas R$ 7,87 milhões de patrimônio. O fundo tem uma rentabilidade de 7,56% acumulada no ano.
"Com a mudança de cenário, vimos uma tendência de os fundos mudarem de nome ou mesmo fecharem", afirma D'Agosto, do site Fortuna.
Atualmente essas aplicações estão muito mais direcionadas a investidores qualificados (que têm somas elevadas para aplicarem) e que são detentores de dívidas atreladas a algum índice de inflação. Dessa forma, podem se proteger da oscilação dos preços e ainda lucrarem com o pagamento de alguma taxa de juro.


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