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Redes do varejo criticam
pontos da reforma tributária
Lojistas levaram propostas do setor a Miguel Jorge
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidentes e representantes
de grandes redes varejistas se
reuniram ontem com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, para tratar de assuntos relativos ao setor, como
financiamentos do BNDES, importações, internacionalização
das empresas e, principalmente, reforma tributária.
"O setor não pode apoiar a reforma tributária conhecida como "proposta Bernard Appy"
sem discussões mais profundas", diz Emerson Kapaz, porta-voz do IDV (Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo).
"Do jeito que está, ela implicará maior complexidade,
maior evasão e aumento de alíquotas." Entre os participantes
do encontro estavam ainda José Galló, presidente da Renner,
e Fernando de Castro, presidente da Telhanorte.
Os varejistas levaram a Jorge
um documento com críticas, no
qual elencaram dez motivos de
discordância da proposta. Entre eles, o fato de que as alíquotas uniformes no IVA (Imposto
sobre Valor Agregado) aumentarão a carga tributária dos setores menos tributados, como
comércio e serviços. Outro é
que tende a haver aumento nas
alíquotas de ICMS, em Estados
nos quais elas são menores.
Além disso, o IVV (Imposto
sobre Venda a Varejo) terá
grande potencial de evasão. "O
varejo é um dos setores em que
há maior evasão fiscal", afirma
Kapaz. "O potencial de sonegação e perda de arrecadação no
IVV será enorme."
Com 28 associados, que respondem por 30% do varejo brasileiro e empregam 350 mil
pessoas, o IDV representa as
grandes redes. Elas seriam bastante prejudicadas com o novo
imposto municipal, devido à
sonegação do pequeno varejo.
Segundo um executivo que
participou do encontro e pede
para não ser identificado, a
maior formalização do setor,
que começou a existir com o
Simples e a CPMF, deixará de
existir com o IVV. Para ele, a
competição voltará a ficar injusta, já que poucas empresas
pagarão o IVV e a grande massa
ficará de fora.
"Não existe sistema tributário perfeito", afirma Clóvis
Panzarini, ex-coordenador tributário da Secretaria da Fazenda paulista e sócio-diretor da
CP Consultores Associados.
"Essa reforma não resolve todos os problemas, mas melhora
o sistema atual."
Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), diz que a proposta, que
pretende trocar cinco impostos
por três, manterá a "balbúrdia
tributária". "Ou se faz uma reforma ampla e profunda ou é
melhor continuar com a balbúrdia que já se conhece."
Municípios aceitam
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, anunciou
ontem que os municípios aceitaram a implantação do IVV de
1,5% nas discussões da reforma
tributária. Pela proposta, o IVV
deve substituir o ISS (Imposto
Sobre Serviços).
Segundo Appy, que participou de audiência no Senado, o
valor foi aceito pelos prefeitos
e, conforme cálculos do ministério, a adoção da alíquota teria
custo fiscal total de R$ 2,2 bilhões. O valor equivale ao montante que deve ser compensado
pelo governo federal aos municípios.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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