São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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análise

Adesão do Brasil é vitória de Chávez

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A adesão do Brasil ao Banco do Sul dentro do prazo fixado pela Venezuela é, de momento, uma vitória política do presidente Hugo Chávez diante da resistência inicial do governo Lula a um projeto ainda sem formato totalmente claro. Resta saber, a partir da negociação de pontos espinhosos -de onde sairá o dinheiro, por exemplo-, se a ortodoxia lulista e o socialismo bolivariano conseguirão se harmonizar.
O governo vinha defendendo que não aderiria a um "prato feito", mas que queria "ir para a cozinha", como definiu Marco Aurélio Garcia, em abril. Lula, no mesmo mês, disse que até 2010 era um prazo razoável para o banco abrir. O Itamaraty discordava da sede em Caracas - preferia capital "neutra".
A pressa de Chávez prevaleceu ao conseguir, em agosto, o apoio de Bolívia, Argentina e Equador para formalizar o banco ainda em novembro, sediado na sua capital e com ou sem o Brasil de sócio.
Para não comer o "prato feito" depois, o Brasil se rendeu ao cronograma chavista. No Rio, impôs-se em dois pontos importantes: um banco submetido às normas internacionais e restrito à América do Sul.
O problema é que, em tese, o Brasil, leva desvantagem nas negociações que faltam. A petrodiplomacia chavista tem hoje muito mais influência nos demais sócios -embora, com a exceção do boliviano Evo Morales, esse alinhamento não seja automático. Já Lula está sem os seus companheiros ortodoxos: Chile, Colômbia e Peru.


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