São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

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EUA estudam ficar com parte de bancos, diz jornal

DA REDAÇÃO

O governo dos Estados Unidos estuda assumir participação nos bancos, como uma maneira de restaurar a confiança nos mercados, segundo o "New York Times". O Tesouro aproveitaria a autoridade dada pela lei de socorro aprovada na semana passada para adotar um modelo similar ao anunciado ontem pelo governo britânico.
Com a medida, o governo injetaria dinheiro nas instituições, reforçando os seu balanços, e a esperança das autoridades americanas é a de que os bancos voltem a emprestar entre eles e para os consumidores -o que, no momento, acontece em um nível muito abaixo da média normal, devido à crise.
A ação -que, dependendo de quanto será a participação do governo, será na prática uma nacionalização parcial do sistema financeiro- está ganhando força em Washington e em Wall Street, afirma o "New York Times", que diz ainda que as discussões são preliminares.
Mas as autoridades do Departamento do Tesouro americano temem que a medida possa ser interpretada pelos mercados como um sinal de que os bancos que receberem ajuda estão prestes a falir.
Pela lei de US$ 700 bilhões aprovada na semana passada pelo Congresso, o Tesouro tem poderes para injetar dinheiro nos bancos que solicitarem ajuda e, em troca, o governo fica com ações das instituições e pode ter parte até nas que são consideradas saudáveis no momento, como disse ontem o secretário Henry Paulson.
Mas é possível que os grandes bancos se oponham à medida, preferindo que o governo compre apenas os ativos problemáticos ligados ao setor de hipotecas imobiliárias -que é a idéia original do plano. A compra de papéis pelo governo diluiria os poderes dos atuais acionistas das instituições.
Paulson afirmou em entrevista ontem que o governo pretende usar todas as "ferramentas" que foram concedidas pela legislação, "incluindo fortalecer a capitalização de instituições financeiras de todos os tamanhos. Nós criaremos programas que encorajem instituições saudáveis a participarem". O secretário do Tesouro disse ainda que demorará "várias semanas" até que sejam iniciadas as compras dos ativos.
Sobre a crise, o secretário afirmou que a turbulência nos mercados financeiros não terminará rapidamente e que vários desafios ainda surgirão pela frente. Ele disse ainda que, apesar da aprovação do pacote de US$ 700 bilhões, os mercados financeiros continuam "severamente tensionados".
De acordo com ele, o aperto no crédito não está afetando apenas o crescimento dos países desenvolvidos, mas também é possível notar os primeiros sinais de desaceleração nas economias emergentes. "Nós vemos os indícios de que o congelamento dos mercados de crédito está tendo um impacto tangível na vida cotidiana dos cidadãos de todo o mundo."


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