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Crise derruba expansão mundial, diz FMI
Em cenário mais otimista de relatório, Fundo fala em queda de desempenho; previsão mais pessimista é de "grande depressão"
Órgão espera que mundo cresça 3,9% em 2008 e 3% em 2009, puxado sobretudo por emergentes, e que PIB do Brasil suba 5,2% no ano
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Crescimento próximo a zero
ou negativo até meados de
2009 nas economias avançadas. Recuperação lenta e gradual a partir de então.
Para os emergentes, um desempenho "substancialmente
menor" daqui em diante. Menos exportações e pressão sobre as reservas cambiais.
Esses são os cenários mais
otimistas traçados ontem pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional) no lançamento do relatório "Panorama da Economia Mundial", em Washington.
O mais pessimista, e de pouca
probabilidade, seria uma
"grande depressão".
O FMI revisou para baixo em
0,2 ponto percentual o crescimento mundial previsto para
este ano e em quase 1 ponto o
de 2009. O Fundo espera que o
planeta cresça 3,9% em 2008 e
3% no próximo -puxado especialmente pelos emergentes.
Entre as economias avançadas, a previsão para os dois
anos, respectivamente, é de
crescimento médio de 1,5% e
0,5%. Entre os emergentes, de
6,9% e 6,1%.
No caso do Brasil, o Fundo
projeta um PIB (Produto Interno Bruto) 5,2% maior neste ano
e 3,5% no ano que vem.
No melhor cenário, os EUA,
maior economia do mundo e
epicentro da atual crise financeira que já se alastra para economia real, devem crescer 1,6%
neste ano e 0,1% em 2009.
"As coisas podem ficar bem
piores do que as nossas projeções? Infelizmente, a resposta
é sim", disse o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard.
"Se os países não implementarem rapidamente respostas
coerentes para a crise financeira, o impacto sobre o crescimento será muito maior que o
projetado. Mesmo que ocorra a
implementação, há grande risco de o declínio da atividade
voltar a contaminar o mercado
financeiro", disse. Blanchard
afirmou que a crise se agravou
pela falta de coordenação e
adoção de medidas "improvisadas" pelos governos centrais.
Só ontem é que grande parte
dos países afetados pela crise
anunciou medidas conjuntas
para tentar conter o terremoto
financeiro dos últimos dias.
"Creio que o sentido de urgência foi colocado com bastante clareza pelos mercados.
Basicamente, os governos foram forçados a adotar planos
para o curto prazo." E emendou: "Os países devem estar
preparados para usar fundos
públicos para apoiar a estabilização do sistema financeiro".
Questionado sobre qual seria
a chance, de 0 a 10, de a situação
fugir ao controle e o mundo
mergulhar em uma "grande depressão", Blanchard disse:
"Muito baixa. Se as medidas forem postas em prática, o risco é
extremamente pequeno".
O FMI considera que os governos centrais, ainda que de
forma inicial, estão agora finalmente colocando em prática as
únicas três ações estruturais
possíveis até aqui. São elas: fornecer liquidez (dinheiro) ao
mercado via bancos centrais;
comprar os chamados ativos
"tóxicos" dos bancos em dificuldades; e recapitalizar as instituições afetadas, seja por
compra de participações pelo
Estado em bancos ou coordenando fusões entre eles.
Além de jogar essas três
"bóias" para o sistema financeiro, o fato de os bancos centrais
terem baixado as taxas básicas
de juro ontem funcionaria como ajuda adicional a quem não
puder ser socorrido diretamente por essa trinca de medidas.
No caso da União Européia, o
FMI avalia que novas rodadas
de corte nos juros serão necessários. O BCE (Banco Central
Europeu) cortou o juro em 0,5
ponto, de 4,25% ao ano para
3,75%. Mas a taxa segue muito
acima da do Fed (banco central
dos EUA), que reduziu a sua de
2% ao ano para 1,5%.
A única boa notícia apresentada pelo FMI (mas que deriva
do desaquecimento global) é
que as pressões inflacionárias
diminuíram em todo o mundo.
(FERNANDO CANZIAN)
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