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PRIVATIZAÇÃO
Governo do Estado consegue liminar que barra o processo; BC e AGU deverão recorrer da decisão
STF suspende leilão de venda do banco de Santa Catarina
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Supremo Tribunal Federal
suspendeu ontem o leilão de privatização do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), que estava
marcado para o dia 16 de dezembro. A liminar foi concedida a pedido do governo de Santa Catarina. O Banco Central e a AGU (Advocacia Geral da União) vão recorrer da decisão.
Nos últimos dias, a privatização
do Besc foi alvo de várias críticas.
O presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) já se disse favorável a um adiamento do leilão,
para que o assunto pudesse ser
discutido pelo novo governo.
O governador eleito de Santa
Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), tem a mesma opinião
e chegou a enviar uma carta ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso pedindo a interrupção
do processo.
Até mesmo o atual governador
do Estado, Esperidião Amin
(PPB), se diz contra o leilão. Foi o
próprio Amin que acertou com a
União, há três anos, a privatização
do banco.
Histórico
Em 1999, o Besc enfrentava dificuldades financeiras e recebeu, do
governo federal, um socorro cujo
valor atual chega a aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Em troca, foi
feito um acordo que transferia para a União o controle do banco.
O Besc seria, depois de ter suas
contas saneadas, vendido. O dinheiro arrecadado serviria para
que parte da dívida do Estado pudesse ser abatida.
Argumentos
Um dos argumentos usados pela Procuradoria Geral do Estado
de Santa Catarina ao pedir a liminar ao STF diz respeito ao preço
mínimo do leilão, fixado em R$
520 milhões. Os procuradores reclamam do fato de a conta única
do Estado, gerida pelo Besc, não
ter sido incluída nessa avaliação.
A discussão sobre esse assunto
corre na Justiça até hoje. Há dúvidas sobre a possibilidade do Besc,
depois de transformado em banco privado, poder continuar administrando as contas do Estado,
tarefa que deveria caber apenas a
bancos estatais.
O diretor de Liquidações e Desestatizações do BC, Carlos
Eduardo de Freitas, diz que a decisão de separar a conta do Estado
da avaliação do banco teve o objetivo de evitar que a privatização só
pudesse ser concluída depois que
a Justiça se pronunciasse sobre o
assunto.
"Não podemos ficar esperando,
porque isso custa caro ao contribuinte", disse Freitas, em 19 de setembro, quando divulgou um
cronograma do processo de privatização.
O acordo fechado em 1999 prevê que o dinheiro obtido com a
privatização servirá para abater
parte do R$ 1,5 bilhão injetado pela União no Besc.
O governo de Santa Catarina diz
que, caso o banco seja vendido
pelo seu preço mínimo, o Estado
continuará com uma dívida de R$
1 bilhão, mesmo depois da privatização.
Quatro bancos se inscreveram
na disputa pelo Besc: Bradesco,
Itaú, Unibanco e ABN Amro.
Atualmente, existem quatro antigos bancos que são controlados
pela União.
Além do Besc, estão nessa situação o bancos do Maranhão, do
Ceará e de Piauí.
A intenção do governo federal
de privatizar esses bancos federalizados até o final do ano consta
no acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
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