São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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BB deve pagar até R$ 13 bilhões pelo Banco Votorantim

Negócio pode ser anunciado nos próximos dias, mesmo antes de aprovação da MP 443, que trata dos bancos

Pelo modelo acertado, o BB fica com participação minoritária, e controle do banco segue com a família Ermírio de Moraes

Sérgio Zacchi - 1.fev.07/Valor
Lima Neto, presidente do BB, que está próximo de acordo

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O Banco do Brasil conseguiu tirar o Bradesco das negociações e acertou a compra de 49% do Banco Votorantim, braço financeiro do grupo controlado pela família Ermírio de Moraes. A participação deverá sair por cerca de R$ 13 bilhões, valor pelo qual o Bradesco se viu desmotivado a desembolsar neste momento.
Os detalhes da transação estão em análise final nos comandos das duas instituições. O negócio poderá ser anunciado nos próximos dias, dependendo da avaliação dentro do governo sobre a conveniência da divulgação antes da aprovação no Congresso da medida provisória 443, que permite ao BB e à CEF (Caixa Econômica Federal) comprarem participações em outros bancos.
Com a Nossa Caixa e o Banco Votorantim, o BB pode retomar a liderança do mercado no ranking por ativos. A projeção é que o BB tenha atingido R$ 450 bilhões em ativos em setembro, o que o levaria a um total de R$ 571 bilhões se somado à posição atual da Nossa Caixa e do Votorantim. O Itaú Unibanco soma R$ 575 bilhões até setembro.

Resistências
O negócio esbarrou em resistências dentro do Banco de Brasil. Parte dos executivos não concordava inteiramente com o preço nem com o modelo de negócio, que prevê que o controle do Banco Votorantim continue com a família Ermírio de Moraes.
O modelo já foi utilizado em parcerias com seguradoras e com o banco sul-africano First-Rand, na constituição de uma financeira para atuar no setor de veículos. No entanto, executivos do banco avaliavam que a medida provisória veio justamente para garantir um modelo mais ousado, em que o banco assumisse o controle.
No caso da participação minoritária, o interesse do BB é ganhar em agilidade na tomada de decisões e poder inclusive pagar salários mais competitivos a seus executivos. Hoje, o banco tem limites por ser uma instituição pública.
Além desse negócio, o Banco do Brasil ainda pode abrir uma linha de crédito especial para o banco da família Ermírio de Moraes.
Ao mesmo tempo em que ampliou o leque de possíveis negócios, o que inclui de compra de carteiras a instituições inteiras, o BB redobrou o sigilo das possíveis negociações. O banco estatal analisa a aquisição de pequenas instituições privadas -pelo menos cinco estão na mira. A avaliação no governo é que os concorrentes, insatisfeitos com a medida provisória, trabalham para inviabilizar os possíveis negócios.
Segundo a Folha apurou, o BB tem interesse em adquirir bancos inteiros e não apenas as carteiras de crédito para dar liquidez neste momento em que o dinheiro não está circulando.
Amanhã, a cúpula do BB se reúne com o conselho de administração para avaliar o desempenho do banco nos últimos três meses. Não está descartado que prováveis aquisições ou novas compras de carteira entrem na pauta.
Procurados, o Banco Votorantim e o BB não comentaram a negociação.

Colaboraram SHEILA D"AMORIM , em São Paulo, e TONI SCIARRETTA , da Reportagem Local



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