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TAXAS
Para o secretário do Tesouro, redução dependerá das condições econômicas
Juro real de 8% é "razoável", diz Levy
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, classificou ontem como "muito razoável" um patamar
de juros reais entre 6% e 8% ao
ano para a economia brasileira.
Levy respondia se considerava
possível "para breve" esse nível,
que fora mencionado por um dos
"homens fortes" do governo, o
ministro José Dirceu (Casa Civil).
"A queda dos juros reais depende das condições da economia.
Nesse ponto, o governo conseguiu avanços importantes, aprovou reformas essenciais como a
da Previdência, a tributária, temos as leis de Falências e das
S.A.s. Tudo isso constitui cenário
positivo para que se reduzam os
juros reais."
"É muito razoável", disse o secretário do Tesouro, depois de
questionado se considerava possível um patamar de juros reais de
6% a 8%, mas não precisou em
quanto tempo isso ocorreria.
"Creio que o ministro Dirceu está
olhando para o futuro", completou, em referência ao fato de que
Dirceu afirmara, na semana passada, que o governo "procura para os próximos meses" esse patamar de juro real (taxa nominal,
descontada a inflação). Os juros
reais hoje estão em cerca de 9,5%,
segundo o secretário de Política
Econômica, Marcos Lisboa -as
estimativas dos bancos, do governo e de consultorias nem sempre
coincidem, uma vez que não se
adotam critérios uniformes para
os cálculos.
Levy argumentou, em sua apresentação em seminário sobre parcerias público-privadas (para investimento em obras no setor de
infra-estrutura), que os juros reais
estão no menor nível em quatro
anos. ""Estão caindo e vão continuar caindo. Com isso, criam-se
perspectivas para investimento e
crescimento da economia, como
já voltou a ocorrer."
Segundo o secretário, a política
fiscal do governo permitirá amortecer o tamanho da dívida pública
e, consequentemente, os juros,
mas evitou fazer estimativas para
a evolução do endividamento (a
relação atual dívida/PIB está em
57%). Argumentou que, se o país
tivesse adotado a política de geração de superávit primário (poupança para pagar juros) desde o
início do Plano Real (1994), e não
só após a crise cambial, em 1999, a
relação dívida/PIB estaria hoje em
30%. "Nos anos 90, se deixou
crescer o endividamento. Agora,
fazemos o caminho contrário."
Ainda de acordo com ele, a economia se expandirá entre 3% e
3,5% em 2004. No entanto, evitou
classificar 2003 como um "ano
perdido" -a despeito de o próprio governo ter revisto a estimativa de crescimento para não mais
do que 0,4%. "Não foi um ano
perdido. Muita coisa aconteceu,
tanto na área produtiva quanto na
social. Quando isso evolui, os juros podem cair. Então, por que
não continuariam a cair?", disse.
Marcos Lisboa, seu parceiro na
Fazenda, afirmou que uma das
metas do atual governo é promover um ajuste fiscal de longo prazo -baseado na manutenção do
superávit primário, que será de
4,25% do PIB em 2004.
"O objetivo é romper com o
passado, em que ocorreram ajustes fiscais curtos. Estamos criando
uma situação de sustentabilidade,
que permita investimentos longos", argumentou Lisboa.
Repetiu, como outros membros
do governo, que não há aumento
de tributos. "Fizemos o ajuste via
corte de despesas, e não via mais
impostos, como sempre se fez."
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