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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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TAXAS

Para o secretário do Tesouro, redução dependerá das condições econômicas

Juro real de 8% é "razoável", diz Levy

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, classificou ontem como "muito razoável" um patamar de juros reais entre 6% e 8% ao ano para a economia brasileira. Levy respondia se considerava possível "para breve" esse nível, que fora mencionado por um dos "homens fortes" do governo, o ministro José Dirceu (Casa Civil).
"A queda dos juros reais depende das condições da economia. Nesse ponto, o governo conseguiu avanços importantes, aprovou reformas essenciais como a da Previdência, a tributária, temos as leis de Falências e das S.A.s. Tudo isso constitui cenário positivo para que se reduzam os juros reais."
"É muito razoável", disse o secretário do Tesouro, depois de questionado se considerava possível um patamar de juros reais de 6% a 8%, mas não precisou em quanto tempo isso ocorreria. "Creio que o ministro Dirceu está olhando para o futuro", completou, em referência ao fato de que Dirceu afirmara, na semana passada, que o governo "procura para os próximos meses" esse patamar de juro real (taxa nominal, descontada a inflação). Os juros reais hoje estão em cerca de 9,5%, segundo o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa -as estimativas dos bancos, do governo e de consultorias nem sempre coincidem, uma vez que não se adotam critérios uniformes para os cálculos.
Levy argumentou, em sua apresentação em seminário sobre parcerias público-privadas (para investimento em obras no setor de infra-estrutura), que os juros reais estão no menor nível em quatro anos. ""Estão caindo e vão continuar caindo. Com isso, criam-se perspectivas para investimento e crescimento da economia, como já voltou a ocorrer."
Segundo o secretário, a política fiscal do governo permitirá amortecer o tamanho da dívida pública e, consequentemente, os juros, mas evitou fazer estimativas para a evolução do endividamento (a relação atual dívida/PIB está em 57%). Argumentou que, se o país tivesse adotado a política de geração de superávit primário (poupança para pagar juros) desde o início do Plano Real (1994), e não só após a crise cambial, em 1999, a relação dívida/PIB estaria hoje em 30%. "Nos anos 90, se deixou crescer o endividamento. Agora, fazemos o caminho contrário."
Ainda de acordo com ele, a economia se expandirá entre 3% e 3,5% em 2004. No entanto, evitou classificar 2003 como um "ano perdido" -a despeito de o próprio governo ter revisto a estimativa de crescimento para não mais do que 0,4%. "Não foi um ano perdido. Muita coisa aconteceu, tanto na área produtiva quanto na social. Quando isso evolui, os juros podem cair. Então, por que não continuariam a cair?", disse.
Marcos Lisboa, seu parceiro na Fazenda, afirmou que uma das metas do atual governo é promover um ajuste fiscal de longo prazo -baseado na manutenção do superávit primário, que será de 4,25% do PIB em 2004.
"O objetivo é romper com o passado, em que ocorreram ajustes fiscais curtos. Estamos criando uma situação de sustentabilidade, que permita investimentos longos", argumentou Lisboa.
Repetiu, como outros membros do governo, que não há aumento de tributos. "Fizemos o ajuste via corte de despesas, e não via mais impostos, como sempre se fez."


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