São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Subsídio à habitação incluirá classe média

Recursos com manutenção de multa de 50% do FGTS atenderão famílias que ganham até dez salários mínimos, diz Mantega

Intenção inicial do governo era atender só população de baixa renda na compra da casa própria com subsídio de até dois terços do valor


Thiago Bernardes - 7.dez.06/Folha Imagem
O ministro Guido Mantega (Fazenda) durante entrevista em São Paulo


KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

O subsídio que o governo planeja dar com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra da casa própria vai beneficiar programas habitacionais voltados a famílias que ganham até dez salários mínimos (hoje R$ 3.500), segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Até ontem o governo defendia que os recursos fossem destinados a famílias mais pobres, com renda de até cinco mínimos (R$ 1.750). Com a mudança, o subsídio passaria a incluir a classe média. "Estamos falando de uma população de zero a dez salários mínimos, que normalmente não tem poder aquisitivo para pagar a prestação da casa própria", disse o ministro em São Paulo.
Os recursos para o subsídio virão da multa de 50% do FGTS pago pelas empresas em caso de demissão sem justa causa de trabalhadores com carteira assinada. Desse total, 40% vão para o trabalhador e 10% são para o governo arcar com despesas dos expurgos do FGTS. Como as dívidas relativas aos expurgos devem ser totalmente quitadas até janeiro, havia expectativa de empresários de que a multa voltasse a 40%.
Mantega, entretanto, afirmou que espera arrecadar mais de R$ 6 bilhões nos próximos quatro anos com a prorrogação da multa. Como o subsídio será de até dois terços do valor do imóvel, a medida pode levar ao investimento de cerca de R$ 10 bilhões em habitação, se considerada também a parcela paga pela população.
"Queremos canalizar a multa adicional para a compra da casa própria. O objetivo original era cobrir um esqueleto do FGTS. Como esse buraco foi coberto, [o recurso] pode ser usado na subvenção das parcelas do financiamento habitacional", disse o ministro.

Quem paga a conta
A mudança será feita por meio de um projeto de lei que será encaminhado ao Congresso e deverá alterar a destinação dos recursos da multa adicional do FGTS.
O prazo de vigência da multa maior ainda não está definido porque Mantega admitiu que quer conversar primeiro com "quem paga essa conta" -ou seja, os empresários.
Ele prometeu, no entanto, que a prorrogação da multa de 50% virá acompanhada de medidas de desoneração de tributos para que o impacto não seja tão grande para as empresas.
As reduções de tributos deverão ser anunciadas na próxima semana e devem incluir isenções para fundos de investimento em infra-estrutura e a correção da tabela do Imposto de Renda, entre outros.
Os empresários, entretanto, são contrários a qualquer tipo de prorrogação. Durante almoço com Mantega, o presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), Romeu Chap Chap, disse que a proposta do governo é "inadequada"" e defendeu a desoneração da folha de pagamento das empresas.
Já o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, informou, por meio de nota, que já apresentou pedido ao presidente Lula para a redução da multa para 40%.
Por sua vez, o presidente do Instituto FGTS Fácil, Mario Avelino, afirma que o governo não precisa prorrogar a multa para ter recursos para subsidiar as casas populares, já que o patrimônio líquido do FGTS soma hoje cerca de R$ 20 bilhões, que podem ser usados para essa finalidade.


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