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Alterar regras da poupança não é prioridade
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de estudar medidas
para evitar que a caderneta de
poupança se torne uma aplicação mais rentável do que alguns
fundos de investimentos, o governo não trata o tema como
prioridade no momento por
dois motivos: avalia que os bancos poderiam, primeiramente,
reduzir suas taxas de administração e não considera que a TR
(Taxa Referencial, que corrige a
poupança) esteja causando distorções no mercado financeiro.
Segundo a Folha apurou, a
equipe econômica trabalha
com mudanças nas regras da
poupança apenas para quando
a taxa Selic do Banco Central
(que serve de referência para
outras taxas praticadas no
mercado) cair abaixo de 12% ao
ano -hoje está em 13,75%.
O vice-presidente de Negócios e Serviços da Caixa Econômica Federal, Fábio Lanza,
concorda com a avaliação da
equipe econômica sobre o cálculo da TR. "Hoje, em dezembro, não é preciso mudar, mas a
discussão é válida. No futuro,
quando a taxa de juros estiver
mais baixa, a decisão é válida."
Pequenos e médios
Segundo Lanza, atualmente
a poupança está ficando mais
atraente para o pequeno e médio investidor, e, mesmo assim,
continua um bom instrumento
de captação de recursos para
investimento em financiamento habitacional.
Agora, em sua avaliação, com
os juros caindo mais, chegará
um momento em que captar recursos na poupança para aplicar em financiamento habitacional pode começar a ficar caro. Aí, antes que isso aconteça,
ele acredita que deverá ser alterado o cálculo da TR.
Fábio Lanza disse que a intenção da Caixa é continuar
atraindo depósitos na poupança para manter em alta os investimentos no setor habitacional. Ele informou que, no
próximo ano, a CEF quer investir R$ 3 bilhões em habitação
com recursos da poupança.
Neste ano, esses investimentos
devem ficar em R$ 2,5 bilhões.
Taxa de administração
O vice-presidente da Caixa
Econômica não quis comentar,
porém, a reivindicação de setores do sistema financeiro de
mudanças nas regras da poupança diante da perda de rentabilidade dos fundos de investimento populares.
Mesmo com a rentabilidade
inferior à da caderneta de poupança, os bancos não estudam
reduzir a taxa de administração
dos fundos direcionados a pequenos investidores, que, em
alguns casos, supera 4% ao ano.
A estratégia é lançar novos
fundos com o risco um pouco
mais elevado para atrair os
poupadores que estejam insatisfeitos com os produtos oferecidos atualmente.
"Em princípio, não estamos
pensando em fazer alterações
na taxa de administração [dos
fundos] porque entendemos
que os percentuais estão adequados nesse momento", explica Márcio Barriviera, gerente-executivo de varejo do Banco
do Brasil, a maior administradora de fundos do país.
Para o diretor-executivo do
Unibanco Asset Mangement,
Luiz Felipe Andrade, a indústria de fundos passará por uma
mudança estrutural com a redução da taxa de juros. Segundo ele, se os bancos quiserem
oferecer fundos DI que possam
competir com a caderneta de
poupança será necessário reduzir a taxa de administração.
"A tendência, no entanto, é
vender produtos com maior valor agregado na administração
para não precisar reduzir as taxas", disse ele.
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