São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Alterar regras da poupança não é prioridade

VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de estudar medidas para evitar que a caderneta de poupança se torne uma aplicação mais rentável do que alguns fundos de investimentos, o governo não trata o tema como prioridade no momento por dois motivos: avalia que os bancos poderiam, primeiramente, reduzir suas taxas de administração e não considera que a TR (Taxa Referencial, que corrige a poupança) esteja causando distorções no mercado financeiro.
Segundo a Folha apurou, a equipe econômica trabalha com mudanças nas regras da poupança apenas para quando a taxa Selic do Banco Central (que serve de referência para outras taxas praticadas no mercado) cair abaixo de 12% ao ano -hoje está em 13,75%.
O vice-presidente de Negócios e Serviços da Caixa Econômica Federal, Fábio Lanza, concorda com a avaliação da equipe econômica sobre o cálculo da TR. "Hoje, em dezembro, não é preciso mudar, mas a discussão é válida. No futuro, quando a taxa de juros estiver mais baixa, a decisão é válida."

Pequenos e médios
Segundo Lanza, atualmente a poupança está ficando mais atraente para o pequeno e médio investidor, e, mesmo assim, continua um bom instrumento de captação de recursos para investimento em financiamento habitacional.
Agora, em sua avaliação, com os juros caindo mais, chegará um momento em que captar recursos na poupança para aplicar em financiamento habitacional pode começar a ficar caro. Aí, antes que isso aconteça, ele acredita que deverá ser alterado o cálculo da TR.
Fábio Lanza disse que a intenção da Caixa é continuar atraindo depósitos na poupança para manter em alta os investimentos no setor habitacional. Ele informou que, no próximo ano, a CEF quer investir R$ 3 bilhões em habitação com recursos da poupança. Neste ano, esses investimentos devem ficar em R$ 2,5 bilhões.

Taxa de administração
O vice-presidente da Caixa Econômica não quis comentar, porém, a reivindicação de setores do sistema financeiro de mudanças nas regras da poupança diante da perda de rentabilidade dos fundos de investimento populares.
Mesmo com a rentabilidade inferior à da caderneta de poupança, os bancos não estudam reduzir a taxa de administração dos fundos direcionados a pequenos investidores, que, em alguns casos, supera 4% ao ano.
A estratégia é lançar novos fundos com o risco um pouco mais elevado para atrair os poupadores que estejam insatisfeitos com os produtos oferecidos atualmente.
"Em princípio, não estamos pensando em fazer alterações na taxa de administração [dos fundos] porque entendemos que os percentuais estão adequados nesse momento", explica Márcio Barriviera, gerente-executivo de varejo do Banco do Brasil, a maior administradora de fundos do país.
Para o diretor-executivo do Unibanco Asset Mangement, Luiz Felipe Andrade, a indústria de fundos passará por uma mudança estrutural com a redução da taxa de juros. Segundo ele, se os bancos quiserem oferecer fundos DI que possam competir com a caderneta de poupança será necessário reduzir a taxa de administração.
"A tendência, no entanto, é vender produtos com maior valor agregado na administração para não precisar reduzir as taxas", disse ele.


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