São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

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EUA criam plano de US$ 15 bi a montadoras

Congresso envia à Casa Branca proposta de socorro a GM, Chrysler e Ford, a ser supervisionada por um indicado de Bush

Empresas poderão negociar em 2009, com o governo Obama, uma restruturação de longa duração, com verbas federais extras

Jonathan Ernst - 5.dez.08/Reuters
Os executivos da GM (Richard Wagoner, à esq.), da Chrysler (Robert Nardelli) e da Ford (Alan Mulally, à dir.) no Congresso dos EUA

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O Congresso dos Estados Unidos enviou à Casa Branca, ontem à tarde, proposta de resgate das três gigantes do setor automotivo do país -General Motors, Chrysler e Ford- em um acordo que poderia ser aprovado ainda nesta madrugada em Washington. O plano oferece um empréstimo de curto prazo de US$ 15 bilhões às montadoras, supervisionado por um "czar" inicialmente apontado pelo presidente George W. Bush.
De posse do empréstimo inicial, as empresas poderão negociar em 2009 com o novo governo uma restruturação de longa duração, possivelmente com liberação de verbas federais extras. "Nada impede que outro empréstimo seja concedido depois", afirmou a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi. "Por enquanto, US$ 15 bilhões é o máximo que podemos oferecer, já que não foi possível pegar verbas do Tarp [pacote de US$ 700 bilhões de resgate de Wall Street]." O empréstimo será financiado com um fundo destinado à inovação tecnológica.
A Casa Branca reagiu com alguma reserva à proposta, mas seguia estudando o plano à noite. Se ele for aprovado, o dinheiro, menos da metade dos US$ 34 bilhões solicitados pelas empresas, pode ser disponibilizado no próximo dia 15.
De acordo com congressistas democratas, a proposta prevê que um "czar" apontado por Bush definiria as regras gerais para o empréstimo, além de estabelecer os termos da restruturação das três montadoras. Os congressistas pretendiam sugerir um conselho oficial de supervisão do plano, mas acabaram cedendo à pressão da Casa Branca pelo czar para acelerar a aprovação do acordo.
Se as três gigantes não conseguirem satisfazer o "czar" com mudanças na relação com credores e sindicatos e cortes de custos até 15 de fevereiro, o dinheiro poderá ter de ser devolvido antes do prazo final.
As empresas têm até 31 de março para apresentar um plano de restruturação de longo prazo e convencer o governo de que poderão ser competitivas no futuro e de que poderão pagar o empréstimos.
Limites a pagamentos a altos executivos também estão previstos, disseram democratas próximos à negociação. Não se sabe, porém, se CEOs das empresas terão de ser substituídos, como exigem alguns senadores. O presidente da GM, Rick Wagoner, vem sendo particularmente atacado.
John Smith, vice-presidente da GM, afirmou que a proposta enviada à Casa Branca é bastante similar ao que as empresas vinham pedindo e reiterou estar disposto a se submeter à supervisão governamental. A GM, a Chrysler e a Ford afirmam necessitar de ajuda governamental para sobreviver até 2010, quando alguns cortes de custos e novos contratos trabalhistas começariam a render economias. Com isso, dizem, seria possível voltar a ter lucros. O empréstimo do governo deverá ser destinado principalmente à GM e à Chrysler, que estão em piores condições.
Analistas temem, contudo, que o dinheiro não seja suficiente. Ainda assim, a expectativa de resgate do governo proporcionou ganhos às ações das empresas, com a GM em alta de 14% e a Ford de 15% durante a tarde. Mais de 2 milhões de empregos dependem da viabilidade das três gigantes, cuja falência poderia aprofundar ainda mais a recessão nos EUA.


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