São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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ENERGIA

Denúncia é de empresa especializada em faturas; PF vai abrir inquérito

Elektro é acusada de sonegar ICMS

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 20 mil indústrias do Estado de São Paulo podem estar sendo prejudicadas pela possível tarifação errônea do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) realizada pela concessionária de energia elétrica Elektro.
A denúncia, que será investigada em inquérito a ser aberto pela Polícia Federal, é do analista Irapuã de Oliveira Costa, presidente da Amee, companhia especializada na medição de consumo de energia elétrica de empresas.
Costa afirmou ontem que a Elektro não tem aplicado corretamente a alíquota de 18% do ICMS nas contas de indústrias das regiões onde atua (litoral paulista, Vale do Paraíba e Vale do Ribeira). "Mais de R$ 300 milhões deixaram de ser recolhidos para o Estado de um ano para cá. Tanto a Elektro como as indústrias podem ser obrigadas a recolher esse dinheiro para o fisco."
A Delegacia Fazendária Federal de São Paulo está encarregada de realizar o inquérito sobre o caso. Costa afirmou que os clientes residenciais da Elektro não foram afetados pela irregularidade.
A sonegação do ICMS é realizada pela Elektro, segundo o analista, com a utilização de valores errados para a base de cálculo do tributo. "A concessionária adota geralmente alíquotas de zero a 3%, em vez dos 18%."
O valor do imposto já vem embutido na base de cálculo das contas das indústrias, pois essas empresas utilizam o valor para recolher também o PIS/Cofins. Costa identificou os erros nos cálculos com a utilização de um software da Amee.
A Elektro e as próprias indústrias são beneficiadas com a sonegação, segundo o especialista, pois deixam de recolher o ICMS. No entanto, caso o inquérito confirme o delito, a concessionária e as empresas podem ser obrigadas a ressarcir o Estado com o imposto que deixou de ser pago.
As indústrias clientes da Elektro seriam os sonegadores indiretos do ICMS e, supostamente, as beneficiadas pela irregularidade. Mas um consultor afirmou à Folha que a concessionária também pode ser beneficiada com o esquema porque recolhe o PIS/Cofins com base no ICMS recolhido.
A Folha teve acesso a uma conta de um dos clientes da Elektro. A base de cálculo para a tributação, segundo a fatura, é de R$ 21.070,31. Pelos cálculos da Amee, no entanto, o valor deveria ser de R$ 23.546,03.

Outro lado
A Elektro afirmou que recolhe pontual e regularmente todos os seus impostos de acordo com a legislação. A empresa afirmou que, se necessário, adotará todas as medidas legais cabíveis ao caso.


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