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ENERGIA
Denúncia é de empresa especializada em faturas; PF vai abrir inquérito
Elektro é acusada de sonegar ICMS
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 20 mil indústrias do
Estado de São Paulo podem estar
sendo prejudicadas pela possível
tarifação errônea do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) realizada pela
concessionária de energia elétrica
Elektro.
A denúncia, que será investigada em inquérito a ser aberto pela
Polícia Federal, é do analista Irapuã de Oliveira Costa, presidente
da Amee, companhia especializada na medição de consumo de
energia elétrica de empresas.
Costa afirmou ontem que a
Elektro não tem aplicado corretamente a alíquota de 18% do ICMS
nas contas de indústrias das regiões onde atua (litoral paulista,
Vale do Paraíba e Vale do Ribeira). "Mais de R$ 300 milhões deixaram de ser recolhidos para o Estado de um ano para cá. Tanto a
Elektro como as indústrias podem ser obrigadas a recolher esse
dinheiro para o fisco."
A Delegacia Fazendária Federal
de São Paulo está encarregada de
realizar o inquérito sobre o caso.
Costa afirmou que os clientes residenciais da Elektro não foram
afetados pela irregularidade.
A sonegação do ICMS é realizada pela Elektro, segundo o analista, com a utilização de valores errados para a base de cálculo do
tributo. "A concessionária adota
geralmente alíquotas de zero a
3%, em vez dos 18%."
O valor do imposto já vem embutido na base de cálculo das contas das indústrias, pois essas empresas utilizam o valor para recolher também o PIS/Cofins. Costa
identificou os erros nos cálculos
com a utilização de um software
da Amee.
A Elektro e as próprias indústrias são beneficiadas com a sonegação, segundo o especialista,
pois deixam de recolher o ICMS.
No entanto, caso o inquérito confirme o delito, a concessionária e
as empresas podem ser obrigadas
a ressarcir o Estado com o imposto que deixou de ser pago.
As indústrias clientes da Elektro
seriam os sonegadores indiretos
do ICMS e, supostamente, as beneficiadas pela irregularidade.
Mas um consultor afirmou à Folha que a concessionária também
pode ser beneficiada com o esquema porque recolhe o PIS/Cofins com base no ICMS recolhido.
A Folha teve acesso a uma conta
de um dos clientes da Elektro. A
base de cálculo para a tributação,
segundo a fatura, é de
R$ 21.070,31. Pelos cálculos da
Amee, no entanto, o valor deveria
ser de R$ 23.546,03.
Outro lado
A Elektro afirmou que recolhe
pontual e regularmente todos os
seus impostos de acordo com a legislação. A empresa afirmou que,
se necessário, adotará todas as
medidas legais cabíveis ao caso.
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