|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nacionalismo afasta investidor da AL
Medidas como as tomadas por Chávez e Morales derrubam entrada de capital estrangeiro na região, diz órgão da ONU
Entrada de investimento direto na América Latina caiu 4,5% em 2006, mas cresceu 34,3% no mundo; Brasil teve expansão de 5,9%
Aizar Raldes - 9.dez.06/France Presse
|
Hugo Chávez (esq.) e Evo Morales se abraçam em evento na Bolívia |
DA REDAÇÃO
As iniciativas nacionalistas,
como as anunciadas na segunda pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, estão afetando a entrada de IED (Investimento Estrangeiro Direto) na
América Latina. A região foi a
única em todo o mundo em que
houve queda na chegada desses
investimentos em 2006, segundo a Unctad (Conferência das
Nações Unidas sobre Comércio
e Desenvolvimento).
Para o organismo da ONU, a
mudança de políticas na Venezuela, na Bolívia e no Equador
traz insegurança jurídica para o
investidor estrangeiro e para a
indústria. Essas medidas não
afetaram apenas esses países,
mas trouxeram incerteza para
o resto da região, diz a Unctad.
O site da entidade não divulgou
resultado separado para esses
três países.
Na segunda-feira, Chávez
afirmou que nacionalizará empresas energéticas e de telecomunicações. O boliviano Evo
Morales nacionalizou o gás no
ano passado -medida que afetou a Petrobras. Já o equatoriano Rafael Correa, presidente
eleito, disse que pretende rever
os contratos das petrolíferas.
O resultado dessas iniciativas
é que a entrada de IED na América Latina caiu 4,5% em 2006,
enquanto a expansão global foi
de 34,3%. Os investimentos estrangeiros na região caíram de
US$ 103,7 bilhões em 2005 para US$ 99 bilhões no ano passado, de acordo com as primeiras
estimativas da Unctad.
Brasil
O Brasil acabou sendo um
dos poucos países da região que
acabaram não sendo chamuscados pelas nacionalizações. A
entrada de IED subiu 5,9% em
2006 em relação ao ano anterior, passando de US$ 15,1 bilhões para US$ 16 bilhões.
O número, positivo se comparado ao resto da região, ficou,
porém, distante não apenas da
expansão global como da registrada entre as economias em
desenvolvimento: alta de 10%.
A conseqüência é que a participação do Brasil no volume
global de IED diminuiu: era de
2,6% em 2004, caiu para 1,6%
em 2005 e deve ficar em 1,3%
em 2006.
A queda de 17% de 2005 deve
ser relativizada pela fusão da
AmBev com a belga Interbrew,
que inflou os dados de 2004
com US$ 4,9 bilhões em IED
relativos à operação. Em 2005,
entrou mais US$ 1,4 bilhão dessa operação.
Ainda assim, o país permanece na segunda colocação entre
os latino-americanos que mais
recebem IED. O primeiro lugar
continua com o México, que
não teve expansão no ano passado: US$ 18,9 bilhões.
O Chile, beneficiado pela alta
dos preços do cobre, registrou
crescimento de 48% em IED
em 2006. Já Argentina e Colômbia tiveram quedas de
29,5% e 52%, respectivamente.
Resultado global
O fluxo de IED chegou a US$
1,2 trilhão em 2006, o segundo
melhor resultado da história,
atrás apenas do US$ 1,4 trilhão
de 2000. Foi o terceiro ano
consecutivo de expansão.
Quase metade desse investimento, US$ 589,8 bilhões, ficou
concentrada na Europa -uma
elevação de 36% ante 2005.
Nos EUA, a expansão foi de
78,2%, chegando a US$ 177,3
bilhões. O Japão teve queda de
395,5%, de US$ 2,8 bilhões para
US$ 8,2 bilhões negativos.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Alexandre Schwartsman: Pingos nos is Índice
|