São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nacionalismo afasta investidor da AL

Medidas como as tomadas por Chávez e Morales derrubam entrada de capital estrangeiro na região, diz órgão da ONU

Entrada de investimento direto na América Latina caiu 4,5% em 2006, mas cresceu 34,3% no mundo; Brasil teve expansão de 5,9%


Aizar Raldes - 9.dez.06/France Presse
Hugo Chávez (esq.) e Evo Morales se abraçam em evento na Bolívia


DA REDAÇÃO

As iniciativas nacionalistas, como as anunciadas na segunda pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, estão afetando a entrada de IED (Investimento Estrangeiro Direto) na América Latina. A região foi a única em todo o mundo em que houve queda na chegada desses investimentos em 2006, segundo a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Para o organismo da ONU, a mudança de políticas na Venezuela, na Bolívia e no Equador traz insegurança jurídica para o investidor estrangeiro e para a indústria. Essas medidas não afetaram apenas esses países, mas trouxeram incerteza para o resto da região, diz a Unctad. O site da entidade não divulgou resultado separado para esses três países.
Na segunda-feira, Chávez afirmou que nacionalizará empresas energéticas e de telecomunicações. O boliviano Evo Morales nacionalizou o gás no ano passado -medida que afetou a Petrobras. Já o equatoriano Rafael Correa, presidente eleito, disse que pretende rever os contratos das petrolíferas.
O resultado dessas iniciativas é que a entrada de IED na América Latina caiu 4,5% em 2006, enquanto a expansão global foi de 34,3%. Os investimentos estrangeiros na região caíram de US$ 103,7 bilhões em 2005 para US$ 99 bilhões no ano passado, de acordo com as primeiras estimativas da Unctad.

Brasil
O Brasil acabou sendo um dos poucos países da região que acabaram não sendo chamuscados pelas nacionalizações. A entrada de IED subiu 5,9% em 2006 em relação ao ano anterior, passando de US$ 15,1 bilhões para US$ 16 bilhões.
O número, positivo se comparado ao resto da região, ficou, porém, distante não apenas da expansão global como da registrada entre as economias em desenvolvimento: alta de 10%.
A conseqüência é que a participação do Brasil no volume global de IED diminuiu: era de 2,6% em 2004, caiu para 1,6% em 2005 e deve ficar em 1,3% em 2006.
A queda de 17% de 2005 deve ser relativizada pela fusão da AmBev com a belga Interbrew, que inflou os dados de 2004 com US$ 4,9 bilhões em IED relativos à operação. Em 2005, entrou mais US$ 1,4 bilhão dessa operação.
Ainda assim, o país permanece na segunda colocação entre os latino-americanos que mais recebem IED. O primeiro lugar continua com o México, que não teve expansão no ano passado: US$ 18,9 bilhões.
O Chile, beneficiado pela alta dos preços do cobre, registrou crescimento de 48% em IED em 2006. Já Argentina e Colômbia tiveram quedas de 29,5% e 52%, respectivamente.

Resultado global
O fluxo de IED chegou a US$ 1,2 trilhão em 2006, o segundo melhor resultado da história, atrás apenas do US$ 1,4 trilhão de 2000. Foi o terceiro ano consecutivo de expansão.
Quase metade desse investimento, US$ 589,8 bilhões, ficou concentrada na Europa -uma elevação de 36% ante 2005. Nos EUA, a expansão foi de 78,2%, chegando a US$ 177,3 bilhões. O Japão teve queda de 395,5%, de US$ 2,8 bilhões para US$ 8,2 bilhões negativos.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Alexandre Schwartsman: Pingos nos is
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.