São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Recuo na inflação abre espaço à queda da Selic

DA SUCURSAL DO RIO

O resultado do IPCA de dezembro trouxe a certeza, entre analistas de mercado, de que o Banco Central cortará a taxa básica de juros na próxima reunião do Copom nos dias 20 e 21 deste mês. A dúvida é quanto ao tamanho da redução, que agora, preveem especialistas, pode chegar a 0,75 ponto percentual.
Para Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da corretora SLW, não existem pressões inflacionárias à vista que justifiquem a manutenção da taxa Selic -estável em 13,75% ao ano desde setembro.
Segundo o economista, os alimentos in natura podem sofrer um pequeno repique em janeiro em decorrência das chuvas, e os colégios pressionarão a taxa de fevereiro, como sempre ocorre. "Mas nada disso vai atrapalhar. Os preços no atacado seguem caindo, movimento que será repassado ao varejo."
Freitas Filho espera uma redução de 0,5 ponto percentual, mas tende a rever sua projeção para um corte de 0,75 ponto após a divulgação do IPCA de dezembro, com alta de 0,28%.
Segundo Francis Kinder, da Rosenberg & Associados, o cenário de inflação é "bastante tranquilo" e nem mesmo a previsão de aceleração dos preços de serviços e dos administrados em 2008 irá alterar o quadro. Ele estima o IPCA em 4,5% em 2009, no centro da meta do governo, o que abre espaço para a redução dos juros.
Para Fábio Romão, da LCA, as recentes demissões na indústria e a queda do nível de atividade do setor detectada pelo IBGE -a produção caiu 5,2% em novembro- corroboram para uma queda maior.
Esses efeitos, diz, "vão ficar mais evidentes no começo de 2009", o que será levado em conta pelo BC na hora de fixar a nova taxa de juros. Romão também estima um recuo de 0,5 ponto percentual, mas não descarta uma redução maior de 0,75 ponto -corte, porém, mais provável de ocorrer na reunião de março.
"Os juros certamente vão iniciar um processo de queda. Não há nenhuma dúvida. A questão que se coloca agora é a intensidade da queda: se será de 0,5 ponto percentual ou de 0,75 ponto percentual", diz Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
Para o economista, está "claro que o impacto da contração do nível de atividade da economia sobre a inflação prevaleceu sobre o câmbio". O BC, diz, temia eventuais pressões inflacionárias decorrentes da valorização do dólar, risco afastado com os dados de dezembro.
Para 2009, a maioria das consultorias prevê uma inflação próxima do centro da meta. A LCA estima uma taxa de 4,8% -revista para baixo após os números de dezembro. A SLW prevê 4,6%. (PS)


Texto Anterior: Para Mantega, é "necessário" reduzir os juros
Próximo Texto: 2008: Inflação dos idosos medida pela FGV registra aumento de 6,35%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.