São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Central admite redução de salários para evitar cortes

Força Sindical se reúne com a Fiesp e defende acordos contra "enxurrada de demissões"

CUT critica proposta e diz que modelos de acordos para flexibilizar contratos fazem com que "os trabalhadores já comecem perdendo"

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dirigentes da Força Sindical disseram ontem, em reunião com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que aceitam negociar todas as alternativas previstas na legislação trabalhista para evitar demissões, inclusive reduções de salário e de jornada.
O líder da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, afirmou que diminuições de salário são aceitáveis desde que haja um compromisso de manutenção do emprego. Nesse caso, segundo a central, os sindicatos devem apurar a real situação das companhias para evitar eventuais abusos.
Segundo a Fiesp e a central sindical, outras reuniões serão organizadas na semana que vem para elaborar um "cardápio de alternativas" para as dispensas. "Nosso objetivo é buscar, dentro das alternativas que a lei permite, medidas rápidas e pragmáticas", disse Paulo Skaf, presidente da federação.
Sônia Mascaro Nascimento, da Comissão de Direito de Trabalho da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), explica que as empresas só podem recorrer à redução da jornada e à diminuição do salário após acordos coletivos, mas que alternativas como banco de horas e licença remunerada podem ser adotadas sem mediação sindical.
Paulinho disse que, se nenhuma acordo for fechado, haverá uma "enxurrada de demissões" nas próximas duas semanas, quando a maior parte das empresas retoma a produção.
"Procuramos a Fiesp para que eles acalmem os empresários, que peçam para não demitir na segunda [quando as empresas voltam das férias coletivas], para dizer que buscamos o entendimento e que aqui não tem nenhum bicho-papão que vai chegar na sua empresa fazendo greve", disse Paulinho.
Skaf afirmou que fará um apelo aos empresários para que esgotem todas as alternativas antes de demitir. O empresário disse não esperar uma "enxurrada de demissões", mas afirma que não é possível controlar as decisões de todas as empresas.
Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), é contra a proposta da Força e da Fiesp de criar modelos de acordos. Segundo ele, a ideia cria generalização e supõe que todos precisem flexibilizar empregos.
"Várias empresas receberam benefícios fiscais e empréstimos de bancos públicos. Algumas se aproveitam para propor flexibilização, sendo que determinados setores têm condições de manter empregos." O sindicalista diz que os modelos de acordos fazem com que "os trabalhadores já comecem perdendo" e que, com isso, "só se ajuda quem está se aproveitando do momento para demitir".


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