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Petrobras vai adiar dividendo a acionista
Pagamento de participação nos lucros para os funcionários da estatal também será afetado; nova data será definida em abril
Apesar de legal, decisão foi criticada pela federação de petroleiros; estatal diz que não é obrigada a adiantar pagamento no 1º bimestre
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
A crise internacional frustrou a expectativa de cerca de
60 mil funcionários e 700 mil
acionistas da Petrobras de receber, neste início de ano, um
reforço no caixa pessoal. Acostumada a pagar já em janeiro ou
em fevereiro uma parcela dos
juros sobre o capital próprio e
da participação nos lucros, a estatal mudou de posição e vai definir apenas em abril a data do
pagamento desses benefícios.
Apesar de legalmente amparada, a decisão foi criticada pela
Federação Única dos Petroleiros. Segundo o coordenador da
entidade, João Antônio de Moraes, há anos que a Petrobras e
suas subsidiárias adiantam
uma parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados)
para o primeiro bimestre.
"O trabalhador já está habituado a receber essa remuneração no início do ano, época em
que há muitas contas para pagar", afirma. Normalmente, entre 30% e 40% do total devido é
pago nesse período, diz ele.
Procurada pela Folha, a Petrobras afirmou que não é obrigada a realizar o adiantamento.
"No ano de 2002, por exemplo,
não foi feita antecipação. Em
2004, houve antecipação para
algumas das bases sindicais e,
para outras, o pagamento integral", informou a assessoria de
imprensa da empresa.
A nota diz ainda que o pagamento da PLR ocorrerá apenas
após o pagamento aos acionistas, cuja data será definida em
assembleia marcada para 8 de
abril. A decisão foge ao padrão
adotado nos últimos anos,
quando a primeira parcela dos
juros sobre o capital próprio foi
desembolsada ainda no primeiro bimestre.
O histórico da companhia
mostra que, desde o exercício
social de 2001, por quatro vezes parte dos juros sobre o capital próprio foi paga em janeiro. Em outras duas ocasiões, o
pagamento foi em fevereiro.
Houve um caso ainda em que o
adiantamento foi pago em
agosto do ano anterior.
A antecipação aos acionistas,
porém, também não é obrigatória. O estatuto social da empresa diz que, "salvo deliberação em contrário da assembleia
geral, a companhia efetuará o
pagamento de dividendos e de
juros de capital próprio, devidos aos acionistas, no prazo de
60 dias a partir da data em que
forem declarados".
A companhia não explicou
porque efetuará o pagamento
mais tarde neste ano. A assessoria disse apenas que a realização da assembleia que decidirá a data do crédito foi anunciada em comunicado ao mercado em 19 de dezembro. O documento prevê o pagamento de
R$ 7,019 bilhões aos acionistas.
Segundo Moraes, porém, na
reunião da última quarta-feira,
a Petrobras atribuiu a postergação dos adiantamentos à crise financeira mundial e à consequente dificuldade de fluxo
de caixa. No ano passado, a empresa tomou empréstimos com
o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal. O objetivo, segundo informou na ocasião, era "recompor o caixa".
Captação mais cara
Ontem, a Bloomberg informou que a Petrobras deverá fazer, nos próximos dias, a captação mais cara dos últimos cinco
anos no mercado de bônus.
Segundo a agência de notícias, a empresa necessita de recursos para quitar US$ 3 bilhões em títulos por vencer e
para custear o desenvolvimento do campo de Tupi.
Os custos de captação para a
Petrobras têm se elevado devido à queda do preço do petróleo
e à redução da demanda por títulos de mercados emergentes.
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