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EUA fecham 1,1 milhão de vagas em 2 meses
Taxa de desemprego chegou a 7,2% em dezembro, pior resultado em 16 anos; em 2008, 2,6 milhões de postos foram extintos
Perdas atingem a todos
os setores, liderados por manufaturas e construção civil; pressão sobre Obama ganha força em todo o país
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
A rápida deterioração da economia dos EUA resultou em
dezembro em um corte dramático de 524 mil postos de trabalho, o que elevou a taxa de desemprego do país a 7,2% -o
pior índice em 16 anos-, segundo relatório do governo.
Em todo o ano de 2008, 2,6 milhões de norte-americanos viram seus empregos desaparecerem, 73% apenas nos últimos
quatro meses.
A evolução do índice de desemprego reflete a espiral negativa da recessão no país. Em
abril a taxa era de 5%; em novembro, já chegava a 6,8%, e no
último mês pulou mais 0,4
ponto percentual. O número de
desempregados hoje chega a
mais de 11 milhões nos EUA.
Praticamente todos os setores enfrentam fortes perdas.
Na construção civil, 101 mil vagas foram cortadas (630 mil em
12 meses), além de 149 mil em
manufaturas (800 mil no ano).
O varejo, sofrendo com a queda
nas vendas, eliminou 67 mil
postos e serviços profissionais
e de negócios perderam 113 mil
postos. Os campos financeiro,
editorial e hoteleiro tiveram
destino similar.
"Essa situação é sem precedentes", afirmou ao "New York
Times" Mark Zandi, economista-chefe do site de avaliação de
risco Moody's Economy.com.
"Vai de costa à costa. Não há
nenhum refúgio no mercado de
trabalho, não há lugar seguro."
As únicas áreas a observar
crescimento foram educação e
saúde, que contrataram mais
45 mil trabalhadores em dezembro, e o governo, que acrescentou 7.000 postos.
O Birô de Estatísticas do Trabalho, responsável pelo relatório, também revisou de 533 mil
para 584 mil as perdas de novembro, no pior mês desde
1974. Assim, só em outubro e
novembro, 956 mil empregos
foram cortados. Somando-se
novembro e dezembro, o número ultrapassou 1,1 milhão.
Em números absolutos, os
2,6 milhões de vagas perdidas
são o pior resultado anual desde 1945. Com o resultado ajustado para o tamanho da população economicamente ativa, o
número é o mais dramático
desde 1982 e o terceiro pior
desde a Segunda Guerra.
Sob alguns aspectos, esse não
é o pior cenário do país nas últimas décadas. Entre 1974 e 1975,
a queda no número total de homens e mulheres trabalhando
foi de 2,7%; entre 1981 e 1982, a
queda foi de 3,1%. Desta vez, a
perda nos 12 meses até novembro é de 1,9%.
Os dados aumentam a pressão sobre o presidente eleito
Barack Obama, que reiterou
ontem apelos para que o Congresso aprove rapidamente um
pacote de estímulo de até US$
800 bilhões. "As perdas de dezembro são uma lembrança
dramática sobre a necessidade
um plano agressivo", disse
Obama. "Este é o momento de
agir, agir sem demora."
Apesar da urgência, Alexander Keyssar, professor de políticas públicas da Universidade
Harvard e especialista em desemprego, afirmou à Folha que
os EUA continuarão a perder
vagas em grande quantidade
por ao menos seis a oito meses.
"Acho que há uma boa chance
de chegarmos ao final do ano
com a taxa de desemprego acima de 10%", disse.
Para Keyssar, os bilhões gastos até agora pelo governo e pelo Fed para resgatar o setor financeiro foram "praticamente
inúteis". "Não acho que as
grandes injeções de liquidez no
mercado precisem de mais
tempo; simplesmente não funcionaram. A mudança para um
tipo de gasto público em estilo
keynesiano tem mais chances
de ter impacto, mas vão demorar a fazer efeito."
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