São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

APLICAÇÕES
Em 1998, captação líquida dos certificados pré foi negativa em 19%
CDBs perdem espaço como alternativa de investimento

GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados perderam espaço entre as principais aplicações financeiras em 1998.
A captação líquida (compras versus resgates) foi negativa em R$ 22 bilhões, o que representa 19,2% do estoque de papéis ao final de 97.
Essa perda de participação no total da poupança financeira bruta do país está refletida nos números no estoque, que começou o ano na casa dos R$ 115 bilhões e fechou dezembro em R$ 92,5 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Os efeitos da CPMF sobre a rentabilidade -no caso de renovação mensal, paga-se 0,20% a cada mês sobre o principal- e a contração do crédito estão entre os motivos desse encolhimento dos CDBs prefixados.
Os pós-fixados são pouco representativos em valor, com estoque de apenas R$ 1,5 bilhão no final de 98.
A ausência da CPMF a partir do próximo dia 24 poderia dar algum alento aos CDBs, mas a criação do IOF de 0,38%, para substituir por alguns meses a contribuição, terá efeito ainda maior, devido à alíquota, sobre a rentabilidade dos papéis renovados mensalmente.
FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) e poupança, por exemplo, são renovados automaticamente, livrando o investidor da paulada sistemática da tributação. A poupança terá até vantagens na fase do IOF, já que será isenta desse imposto.
A captação líquida dos FIFs de 60 dias, os mais importantes da indústria dos fundos, também foi negativa em 98. Comparando depósitos com resgates, eles perderam R$ 6,8 bilhões no ano, o que equivale a 7,1% do patrimônio líquido em 31 de dezembro de 97.
Os FIFs de 60 dias começaram o ano com PL ao redor de R$ 95 bilhões e fecharam dezembro com quase R$ 112 bilhões.
Os fundos de estatais no Banco do Brasil e os de renda fixa de capital estrangeiro registraram captação negativa proporcionalmente maior que a de CDBs e FIFs-60, mas são aplicações específicas.
A fuga de capitais para o exterior não se refletiu apenas nos fundos de estrangeiros. Pessoas físicas e empresas nacionais também trocaram reais que estavam aplicados por dólares para remeter ao exterior.
No caso de empresas, o dinheiro foi usado, por exemplo, para resgatar antecipadamente seus bônus com descontos.
²
Poupança
A caderneta de poupança, apesar do rendimento relativamente baixo em relação aos fundos, até que não se saiu tão mal em 98. A captação líquida foi negativa em R$ 3,1 bilhões, equivalentes a 3,2% do saldo ao final de 97.
O saldo total (SBPE e rural) era de R$ 97 bilhões em 31 de dezembro de 97 e um ano depois estava em R$ 107,4 bilhões.
Para Fernando Cruz, diretor de crédito imobiliário e poupança do BankBoston, isso pode ser explicado pelo perfil tradicional do poupador, que costuma ser fiel à caderneta.
Além do mais, a inflação praticamente zerada colabora, pois todo o rendimento passa a ser real.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.