São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Cotação em alta estimula produtores independentes no Recôncavo Baiano

DA ENVIADA ESPECIAL AO RECÔNCAVO BAIANO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O agricultor João Cerqueira, 73, sonha tão alto quanto a cotação do barril de petróleo nos últimos tempos lhe permite. Vive o sonho de enriquecer com o óleo que encontrou em seu quintal e não é um personagem de Monteiro Lobato. Já deu entrada em um caminhão novo, quer ampliar sua granja e sonha em construir uma lagoa em frente à varanda de casa.
Cerqueira é proprietário de um terreno próximo ao município de Entre Rios, no Recôncavo Baiano, onde a ANP (Agência Nacional do Petróleo) está construindo um campo-escola de exploração de petróleo e gás. No passado, o local, denominado Fazenda Mamoeiro, chegou a ser explorado pela Petrobras, mas foi abandonado há mais de dez anos.
"Todas as noites sonho com caminhões carregados de petróleo passando aqui em frente, mas, quando acordo, vejo que ainda são caminhões cheios de brita usados na construção do campo", conta.
A expectativa em relação à exploração de petróleo praticamente no quintal de casa não é à toa. Além de ter direito a receber o aluguel do terreno, o proprietário tem garantido por lei o recebimento de 1% do valor bruto da produção.
O percentual pode ser pequeno, mas em tempos de petróleo na faixa dos US$ 90, está longe de ser desprezível. Dependendo do volume de óleo produzido, um proprietário pode obter entre R$ 5.000 e R$ 10 mil por mês, segundo especialistas.
Em 2005, a Petrobras pagou cerca de R$ 70 milhões a 592 proprietários de terrenos onde explora petróleo ou gás. Somente na Bahia, 331 donos de terras foram beneficiados.

Novo filão de negócios
As cotações elevadas do barril de petróleo não estão interferindo apenas nos planos de pequenos proprietários de terra no Nordeste, mas também no rumo dos negócios de empresas que começam a explorar petróleo na região.
De modo geral, são construtoras, fornecedoras de equipamentos da indústria do petróleo, subsidiárias de empresas estrangeiras e novas companhias criadas especialmente para atuar no segmento de exploração de óleo em terra.
Nomes de empresas como PetroRecôncavo, Egesa, Starfish, Aurizônia Petróleo, Partex Brasil, entre outras, começam a ser reconhecidos na região.
A maioria das empresas começou a atuar neste setor por meio das "rodadinhas", apelido dado às licitações de campos marginais de petróleo e gás promovidas pela ANP.
Campos marginais são áreas onde já ocorreu a descoberta de petróleo ou gás e a produção foi interrompida por falta de interesse econômico.
A definição técnica da agência estipula ainda que a produção desses campos na assinatura dos contratos não deverá ultrapassar 500 barris/dia de óleo ou 70 mil metros cúbicos de gás/dia.
(JANAINA LAGE e CIRILO JUNIOR)


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