|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
90% dos fundos de pensão não atingem as metas em 2008
Crise e colapso da Bolsa afetam rentabilidade, e Secretaria de Previdência Complementar promete elevar fiscalização
Estudo conclui que 60 correm alto risco e podem apresentar problemas; secretário promete fiscalizar grandes como Previ, Petros e Funcef
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Atingidos em cheio pela crise
econômica mundial, cerca de
90% dos fundos de pensão brasileiros não conseguiram alcançar em 2008 suas metas de
rentabilidade, segundo dados
oficiais preliminares. O resultado acendeu o alerta da SPC
(Secretaria de Previdência
Complementar), que, depois de
analisar os 370 fundos do país,
concluiu que 60 entidades encontram-se em alto grau de risco e têm grandes chances de
apresentar problemas.
Essas instituições entraram
na mira da SPC e passarão por
devassa neste ano. Os fiscais
-que podem passar até cem
dias vasculhando os dados em
cada entidade- auditarão investimentos, critérios para cálculos de benefício, gestão e dívidas. Serão fiscalizados 90 planos administrados por esses
fundos.
"A crise incentiva a adoção de
um modelo mais eficiente de
fiscalização. 2008 foi um ano
horrível para as instituições,
pois quem tem mais de 10% de
suas aplicações em renda variável não atingiu suas metas",
disse à Folha o secretário de
Previdência Complementar,
Ricardo Pena. Segundo ele, entre 85% e 90% das entidades
não alcançaram o patamar de
rendimento fixado.
Dados extraoficiais indicam
que os fundos podem ter registrado em 2008 estagnação na
valorização de seu patrimônio
(variação zero) ou mesmo
amargado desvalorização de
1%. Nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
que reúne países desenvolvidos, houve perda de US$ 5 trilhões (-20%).
Para honrar o pagamento de
benefícios atuais e futuros, os
fundos estabelecem metas de
rendimento para suas aplicações. A maior parte define como alvo 6% ao ano mais a variação de um índice de inflação.
Com a tendência de queda dos
juros no país, que remuneram
investimentos, muitas instituições acabam se expondo a riscos para alcançar as metas.
Os dados mais recentes da
secretaria mostram que os fundos, principais investidores
institucionais do país, são donos de um patrimônio de R$
472,2 bilhões. Cerca de R$ 305
bilhões pertencem a entidades
cujos patrocinadores são empresas estatais federais, estaduais ou municipais.
Pena afirmou que os grandes
fundos patrocinados por empresas estatais não escaparão
do pente-fino. "Previ, Petros e
Funcef também serão fiscalizadas, diferentemente do que
ocorria no passado, quando havia interferências políticas",
disse o secretário, referindo-se
às entidades patrocinadas por
Banco do Brasil, Petrobras e
Caixa Econômica Federal, respectivamente.
A Previ é o maior fundo de
pensão da América Latina, com
patrimônio de R$ 137 bilhões.
Matriz de risco
Para analisar a situação dos
fundos, a SPC adotou pela primeira vez um teste em que todas as instituições foram submetidas a uma "matriz de risco". A matriz foi alimentada
com dados de cada instituição
nos últimos 36 meses.
No cruzamento das informações, as entidades que apresentaram alto grau de exposição e
elevada probabilidade de risco
entraram para a lista do plano
de fiscalização "in loco" de
2009.
Pena adiantou que a "matriz
de risco" será rodada a cada três
meses, o que pode aumentar o
número de fundos auditados.
Na avaliação da SPC, embora
a crise tenha afetado os fundos
em 2008, no horizonte de 36
meses, 95% atingiram suas metas de rentabilidade. Entre
2003 e 2007, época em que o
mercado acionário teve forte
valorização, os fundos atravessaram um período de prosperidade, afirma pena, acumulando
elevados superávits.
Em dezembro de 2007, as sobras somavam R$ 76 bilhões,
mas em novembro do ano passado já havia caído para R$ 36
bilhões. Para a secretaria, a recuperação do setor só virá no
segundo semestre.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frases Índice
|