São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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TELEVISÃO
Pedro Jack Kapeller diz que fundação não pagou primeira parcela e dá prazo de 72 horas
Manchete ameaça romper contrato com Igreja Renascer

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

O presidente do grupo Bloch, Pedro Jack Kapeller, anunciou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que enviou notificação à Fundação Renascer avisando que, se o pagamento da primeira parcela do contrato com a TV Manchete não for pago em 72 horas, pretende romper o acordo.
Pelo contrato firmado em 3 de janeiro entre Kapeller e a Fundação Renascer, a RGC Produções Ltda. (produtora pertencente à fundação) assumiu a produção, operacionalização e comercialização da Manchete, sob pagamento mensal de R$ 4,8 milhões, por 15 anos.
Segundo Kapeller, a Renascer ainda não honrou o pagamento da primeira parcela do acordo, que venceu no dia 31 de janeiro, e por isso pretende romper o contrato.
O presidente do grupo Bloch não quis dar mais esclarecimentos sobre as cláusulas do acordo.
No entanto, a Folha apurou que o atrito entre as direções da Bloch e da Fundação Renascer é quanto ao valor das parcelas.
A emissora queria que as parcelas mensais do contrato -feito em dólar- fossem corrigidas pelo câmbio atual, e não pelo da ocasião da assinatura, quando a cotação estava mais baixa. Antes da crise cambial, o valor mensal, em reais, era de R$ 4,8 milhões. A Renascer não teria concordado com o reajuste.
Em 8 de janeiro, Kapeller, a partir da promessa de pagamento da Renascer, descontou uma duplicata no valor de R$ 4,8 milhões no Banco Rural. Com o dinheiro, afirma ter pago um dos cinco salários dos funcionários que estavam atrasados desde setembro.
Este mês, pretendia repetir a operação, mas não conseguiu, já que a Renascer ainda não honrou o pagamento da primeira parcela.

Outro lado
O apóstolo Estevem Hernandes informou no fim da tarde de ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não sabia "absolutamente nada sobre o rompimento do contrato".
Disse ainda que, ao contrário do que informou Kapeller, a nova parcela foi paga.
O apóstolo afirmou que realmente houve problemas com a cotação do dólar. Mas que foi feito "rápido acordo" e definido um reajuste. Assim, o apóstolo afirma ter pago mais que os R$ 4,8 milhões estabelecidos no contrato.
"Pagamos com títulos do Banco Rural, e o dinheiro já está na mão de Kapeller. Não existe a possibilidade de não cumprirmos esse acordo", disse o apóstolo, por meio da assessoria.

Medida cautelar
Anteontem, os sindicatos dos jornalistas e dos radialistas de São Paulo haviam entraram com uma medida cautelar contra a Rede Manchete e a RGC (Rede Gospel de Comunicações) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
O juiz Nelson Nazar havia marcado uma audiência com as quatro instituições para a tarde de hoje.
Na medida cautelar, os sindicatos pediam que a Rede Manchete e a RGC fossem obrigadas a depositar diariamente 70% de todo o faturamento de São Paulo em uma conta administrada pelo TRT. A conta serviria como garantia de que os salários seriam pagos.
A medida cautelar pedia ainda que os sindicatos tenham acesso ao contrato firmado entre a Manchete e a RGC no último dia do ano. Trata-se do contrato que passa à RGC a responsabilidade pela produção e comercialização dos programas da emissora.
Esse contrato foi considerado ilegal pela assessoria jurídica do Ministério das Comunicações.


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