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TELEVISÃO
Pedro Jack Kapeller diz que fundação não pagou primeira parcela e dá prazo de 72 horas
Manchete ameaça romper contrato com Igreja Renascer
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
O presidente do grupo Bloch, Pedro Jack Kapeller, anunciou ontem, por meio de sua assessoria de
imprensa, que enviou notificação à
Fundação Renascer avisando que,
se o pagamento da primeira parcela do contrato com a TV Manchete
não for pago em 72 horas, pretende
romper o acordo.
Pelo contrato firmado em 3 de janeiro entre Kapeller e a Fundação
Renascer, a RGC Produções Ltda.
(produtora pertencente à fundação) assumiu a produção, operacionalização e comercialização da
Manchete, sob pagamento mensal
de R$ 4,8 milhões, por 15 anos.
Segundo Kapeller, a Renascer
ainda não honrou o pagamento da
primeira parcela do acordo, que
venceu no dia 31 de janeiro, e por
isso pretende romper o contrato.
O presidente do grupo Bloch não
quis dar mais esclarecimentos sobre as cláusulas do acordo.
No entanto, a Folha apurou que
o atrito entre as direções da Bloch e
da Fundação Renascer é quanto ao
valor das parcelas.
A emissora queria que as parcelas mensais do contrato -feito em
dólar- fossem corrigidas pelo
câmbio atual, e não pelo da ocasião
da assinatura, quando a cotação
estava mais baixa. Antes da crise
cambial, o valor mensal, em reais,
era de R$ 4,8 milhões. A Renascer
não teria concordado com o reajuste.
Em 8 de janeiro, Kapeller, a partir
da promessa de pagamento da Renascer, descontou uma duplicata
no valor de R$ 4,8 milhões no Banco Rural. Com o dinheiro, afirma
ter pago um dos cinco salários dos
funcionários que estavam atrasados desde setembro.
Este mês, pretendia repetir a operação, mas não conseguiu, já que a
Renascer ainda não honrou o pagamento da primeira parcela.
Outro lado
O apóstolo Estevem Hernandes
informou no fim da tarde de ontem, por meio de sua assessoria de
imprensa, que não sabia "absolutamente nada sobre o rompimento
do contrato".
Disse ainda que, ao contrário do
que informou Kapeller, a nova
parcela foi paga.
O apóstolo afirmou que realmente houve problemas com a cotação do dólar. Mas que foi feito
"rápido acordo" e definido um
reajuste. Assim, o apóstolo afirma
ter pago mais que os R$ 4,8 milhões estabelecidos no contrato.
"Pagamos com títulos do Banco
Rural, e o dinheiro já está na mão
de Kapeller. Não existe a possibilidade de não cumprirmos esse
acordo", disse o apóstolo, por
meio da assessoria.
Medida cautelar
Anteontem, os sindicatos dos
jornalistas e dos radialistas de São
Paulo haviam entraram com uma
medida cautelar contra a Rede
Manchete e a RGC (Rede Gospel de
Comunicações) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
O juiz Nelson Nazar havia marcado uma audiência com as quatro
instituições para a tarde de hoje.
Na medida cautelar, os sindicatos pediam que a Rede Manchete e
a RGC fossem obrigadas a depositar diariamente 70% de todo o faturamento de São Paulo em uma
conta administrada pelo TRT. A
conta serviria como garantia de
que os salários seriam pagos.
A medida cautelar pedia ainda
que os sindicatos tenham acesso ao
contrato firmado entre a Manchete
e a RGC no último dia do ano. Trata-se do contrato que passa à RGC
a responsabilidade pela produção
e comercialização dos programas
da emissora.
Esse contrato foi considerado ilegal pela assessoria jurídica do Ministério das Comunicações.
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