São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMÓVEIS
Acordo para reativar o mercado divide governo; sindicatos criticam montadoras
Redução de imposto enfrenta impasse

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis fabricados no país, sugerida há duas semanas pelos sindicatos de metalúrgicos de São Paulo e do ABC paulista, está dividindo o governo.
De um lado do governo estão o Ministério da Fazenda e a Receita Federal, contrários à redução do imposto. De outro estão os ministérios do Desenvolvimento e do Trabalho, favoráveis à medida.
Para tentar romper o impasse nas negociações, o ministro Celso Lafer (Desenvolvimento) agendou para hoje uma reunião com integrantes do governo, com a Anfavea e com os sindicatos.
A redução do IPI foi sugerida pelos sindicatos ao presidente Fernando Henrique Cardoso após a demissão de 2.800 funcionários da Ford no ABC paulista.
Eles argumentaram que a redução do imposto vai reduzir o preço dos carros, aquecer as vendas, impedir novas demissões no setor e aumentar a arrecadação do governo. Após a reunião com os sindicalistas, FHC determinou a sua equipe que estudasse a sugestão.
As equipes do ministro Pedro Malan e do secretário Everardo Maciel avaliam que a arrecadação cairá com a redução do IPI.
Essa avaliação colidiu com a posição do ministro Francisco Dornelles (Trabalho), que apóia a proposta dos sindicatos. Ele argumenta que a arrecadação subirá, pois as vendas serão incrementadas após a adoção da medida.
Hoje, o imposto varia de 10% a 35%. Pela sugestão dos sindicatos, a variação ficaria entre 2% e 25%.
Outra divergência é intenção das montadoras de ampliar a redução do IPI para veículos importados.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirma que os trabalhadores não aceitam a idéia.
O presidente do sindicato do ABC (CUT), Luiz Marinho, admite, no máximo, que a redução do IPI seja ampliada para os veículos produzidos no Mercosul.
A Anfavea argumenta que uma redução exclusiva para os produtos nacionais pode provocar reclamações contra o Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio). Esse argumento foi adotado e ampliado pelo Ministério da Fazenda e pela Receita Federal.
Marinho voltou a conversar ontem com o senador Antonio Carlos Magalhães, que, segundo ele, estaria apoiando o acordo.
Paulinho, da Força Sindical, havia conversado com o presidente FHC no início da semana e ouviu promessa de que o acordo seria fechado. Os sindicalistas e o governo já haviam criticado os recentes aumentos de preços praticados pelas montadoras.


Colaborou Mauricio Esposito, da Reportagem Local

Texto Anterior: Dança das cadeiras: Sérgio Werlang vai ocupar cargo no BC
Próximo Texto: Produção: Indústria tem piores números desde 1992
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.