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AUTOMÓVEIS
Acordo para reativar o mercado divide governo; sindicatos criticam montadoras
Redução de imposto enfrenta impasse
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
A redução do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) sobre
automóveis fabricados no país, sugerida há duas semanas pelos sindicatos de metalúrgicos de São
Paulo e do ABC paulista, está dividindo o governo.
De um lado do governo estão o
Ministério da Fazenda e a Receita
Federal, contrários à redução do
imposto. De outro estão os ministérios do Desenvolvimento e do
Trabalho, favoráveis à medida.
Para tentar romper o impasse
nas negociações, o ministro Celso
Lafer (Desenvolvimento) agendou
para hoje uma reunião com integrantes do governo, com a Anfavea e com os sindicatos.
A redução do IPI foi sugerida pelos sindicatos ao presidente Fernando Henrique Cardoso após a
demissão de 2.800 funcionários da
Ford no ABC paulista.
Eles argumentaram que a redução do imposto vai reduzir o preço
dos carros, aquecer as vendas, impedir novas demissões no setor e
aumentar a arrecadação do governo. Após a reunião com os sindicalistas, FHC determinou a sua equipe que estudasse a sugestão.
As equipes do ministro Pedro
Malan e do secretário Everardo
Maciel avaliam que a arrecadação
cairá com a redução do IPI.
Essa avaliação colidiu com a posição do ministro Francisco Dornelles (Trabalho), que apóia a proposta dos sindicatos. Ele argumenta que a arrecadação subirá, pois as
vendas serão incrementadas após
a adoção da medida.
Hoje, o imposto varia de 10% a
35%. Pela sugestão dos sindicatos,
a variação ficaria entre 2% e 25%.
Outra divergência é intenção das
montadoras de ampliar a redução
do IPI para veículos importados.
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo (Força
Sindical), Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, afirma que os trabalhadores não aceitam a idéia.
O presidente do sindicato do
ABC (CUT), Luiz Marinho, admite, no máximo, que a redução do
IPI seja ampliada para os veículos
produzidos no Mercosul.
A Anfavea argumenta que uma
redução exclusiva para os produtos nacionais pode provocar reclamações contra o Brasil na OMC
(Organização Mundial do Comércio). Esse argumento foi adotado e
ampliado pelo Ministério da Fazenda e pela Receita Federal.
Marinho voltou a conversar ontem com o senador Antonio Carlos
Magalhães, que, segundo ele, estaria apoiando o acordo.
Paulinho, da Força Sindical, havia conversado com o presidente
FHC no início da semana e ouviu
promessa de que o acordo seria fechado. Os sindicalistas e o governo
já haviam criticado os recentes aumentos de preços praticados pelas
montadoras.
Colaborou
Mauricio Esposito, da Reportagem
Local
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