GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O casamento de sete anos entre Citibank e Opportunity chegou ao fim ontem. O banco norte-americano informou às empresas de telefonia das quais é sócio no Brasil a destituição do Opportunity, de Daniel Dantas, como gestor do fundo CVC/Opportunity Equity Partners L.P.
O fundo CVC/Opportunity controla, entre outras empresas, Brasil Telecom, Telemig Celular, Tele Norte Celular e Metrô do Rio de Janeiro.
O banco deu ao Opportunity prazo de 15 dias para comunicar os sócios da troca de gestor. Segundo a Folha apurou, o Opportunity deve recorrer da decisão tanto no Brasil como no exterior. O Citibank deverá ter dificuldades para trocar o gestor do fundo.
Na prática, não muda nada por enquanto nas empresas. Dantas continua como gestor até a consolidação do processo.
A decisão ocorre quatro dias depois de o Opportunity ter anunciado, à revelia do Citibank, a venda das operadoras Telemig Celular e Amazônia Celular.
Antes de tomar essa decisão, o Citibank fez uma auditoria de todos os negócios que possui com o Opportunity no Brasil. Um dos pontos fundamentais para a decisão foi o empréstimo que Dantas pegou com o Citibank para a compra da Telemig Celular.
O contrato do Citibank com o Opportunity foi feito há sete anos e vence em setembro.
Dantas está atualmente em Londres, onde acompanha o juízo arbitral do pedido de retorno da Telecom Italia ao bloco de controle da Brasil Telecom.
O depoimento de Dantas à Câmara Arbitral de Londres deve acontecer na quinta-feira da semana que vem.
Além da decisão de destituir o Opportunity, o Citibank fechou amplo acordo com os fundos de pensão para selar a paz entre as empresas de telefonia. O Citibank torna-se, assim, um grande aliado dos fundos de pensão do país.
Quem conduziu as negociações pelo Citibank foi o advogado Sérgio Spinelli, representante do banco americano no Brasil.
Em dezembro do ano passado, um acordo entre o Citigroup e Luís Roberto Demarco, ex-sócio de Dantas no Opportunity, acabou com os entraves legais para o fim da parceria.
A Folha noticiou, em janeiro, que havia especulação no mercado de que o Citigroup, livre das amarras, encerraria a parceria em poucas semanas, antes do fim do contrato entre as duas empresas.
O banco americano passa por mudanças em seus procedimentos internos, inclusive na política de prestação de contas do departamento encarregado de monitorar a observância da lei pelo banco e suas filiais internacionais.
Outra medida tomada foi checar os procedimentos corporativos nas filiais internacionais do banco. As mudanças parecem ter se refletido na relação com o Opportunity no Brasil.


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