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ANÁLISE
Alta de commodities pode ser bom sinal
JONATHAN FUERBRINGER
DO "NEW YORK TIMES"
Enquanto o aumento dos
preços das matérias-primas
muitas vezes é um indício preocupante de inflação, esses temores
foram postos em segundo plano
pelo outro significado do aumento -que o crescimento econômico está acelerando em várias regiões do mundo.
Alguns analistas também dizem
que o impacto do aumento dos
preços desses produtos sobre a inflação será brando.
O aumento "reflete a atividade
pujante no mundo em desenvolvimento na Ásia, e no balanço isso
significa que a economia global
está se saindo melhor do que pensávamos", segundo Robert J. Barbera, economista chefe do ITG/
Hoenig.
Mas, depois que um índice de
matérias-primas muito observado atingiu um pico de 24 anos anteontem, surgiram dúvidas nos
mercados sobre essa interpretação otimista.
Enquanto os preços do petróleo
cru, do óleo para calefação e do
cobre, todos componentes do índice de commodities, atingiram
seus níveis mais altos, o mercado
de ações e os preços dos títulos do
Tesouro americano caíram, fazendo os rendimentos subirem.
O petróleo cru para entrega em
abril na Bolsa de Nova York fechou ontem a US$ 54,77 o barril,
com alta de 0,33% em relação aos
US$ 54,77 de terça-feira. O petróleo foi negociado a US$ 55,65 durante o dia, a apenas dois centavos
do recorde atingido em outubro
do ano passado. O preço da libra
de cobre subiu 0,54%, para
US$ 150,35.
O índice CRB-Reuters de 17
commodities subiu 1,05%, para
313,70, não distante de seu pico de
314,50 em janeiro de 1981. No último ano, o índice subiu 15%, sendo a maior parte no último mês.
Economia saudável
Ainda assim, para os investidores, o aumento no preço das matérias-primas, especialmente de
materiais industriais, é positivo
agora porque é um sinal de que a
economia global está saudável, o
que é bom para a recuperação da
economia americana.
Quanto a seu impacto inflacionário, Barbera afirma que deverá
ser muito menor que no passado.
O motivo disso, segundo o economista, é que as matérias-primas
industriais estão sendo usadas em
países de baixos salários, como a
China e outros asiáticos, para fazer produtos que podem ser vendidos mais barato em outras partes do mundo, reduzindo a pressão inflacionária.
Para sustentar seu argumento,
ele nota que os preços de bens de
consumo, excluindo alimentos e
energia, subiram apenas 0,9% nos
últimos 12 meses até janeiro. Nesse mesmo período, o índice CRB-Reuters de matérias-primas industriais subiu 4,8%.
"Então a ligação com a inflação
é no máximo tênue", ele disse.
"Não vejo a grande inflação associada a isso."
Os investidores pareciam ter seguido essa interpretação por algum tempo, já que o aumento do
petróleo em outubro para mais de
US$ 55 o barril e sua atual recuperação não provocaram um grande salto nas taxas de juros de longo prazo, que são sensíveis a temores de inflação.
Juros
Apesar do aumento nas taxas do
Tesouro ontem, as taxas de longo
prazo continuam abaixo de picos
recentes e bem abaixo de onde estiveram quando o Federal Reserve começou a aumentar sua taxa
referencial de juros de curto prazo
em junho.
Em vez disso, os investidores
pareceram acreditar que o aumento do petróleo apenas desaceleraria o crescimento, e essa interpretação ajudou a manter sob
controle os juros de prazo mais
longo.
Ward McCarthy, diretor administrativo da Stone & McCarthy
Research Associates, disse que essa crença foi discutida ontem no
mercado de títulos.
"O CRB está novamente avançando e parece que o mercado está repensando o nexo do petróleo,
inflação, economia", ele disse.
"Talvez seja mais uma ameaça inflacionária."
Ele disse que o enfoque foi para
o recente pico de rendimento de
4,41% dos títulos do Tesouro para
dez anos, e se ele for superado os
temores de inflação poderão começar a influenciar mais os mercados de títulos.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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