São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Mercado usa semana para reavaliar seu pessimismo

PIB, ata do Copom e IPCA de fevereiro são os destaques

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro inicia a semana de olho em indicadores de inflação e de atividade econômica para definir o rumo nos próximos dias. Uma parte dos analistas acha ainda cedo para apostar na melhora geral dos preços de ações, commodities e títulos devido às incertezas em relação ao desempenho da economia norte-americana.
A segunda metade da semana passada foi marcada pelo retorno do pessimismo externo com o temor de que grandes fundos e empresas do setor imobiliário assumam mais perdas contábeis por conta do aumento da inadimplência e da desvalorização dos títulos "subprime" (de segunda linha) do setor imobiliário nos EUA. Na semana passada, a Bolsa de Nova York teve perdas de 3,04% no índice Dow Jones e de 2,8% no S&P 500 -no ano, chegam a 10,34% e 11,92%, respectivamente. O mercado brasileiro registrou recuo menor. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) caiu 2,55% na semana.
Na agenda interna, os destaques ficam por conta da divulgação, na terça, do IPCA de fevereiro e, na quarta, do resultado do PIB. Na quinta, sai a ata do Copom, que manteve os juros em 11,25% em fevereiro.
Para o PIB, a expectativa é de variação de 5,3% no ano como um todo. Dados fortes sobre o nível de investimento e do consumo das famílias podem motivar o otimismo em relação ao desempenho do mercado doméstico nos próximos meses. Na avaliação de Francisco Pessoa, da LCA Consultores, o consumo das famílias cresceu 6% no ano passado e os investimentos, 13,5%. Marcela Prada, da Tendências, espera alta de 6,1% no consumo das famílias e de 13,4% nos investimentos.
Já para o IPCA, a previsão é de desaceleração para 0,45% em fevereiro, após alta de 0,54% em janeiro.
Na avaliação de Elson Teles, da corretora Concórdia, a ata do Copom deverá manter o discurso habitual de permanência dos fatores de riscos para a trajetória de inflação, especialmente em relação ao aquecimento da demanda e à pressão dos preços das commodities.

EUA
O indicador mais aguardado no mercado externo é o CPI (Índice de Inflação ao Consumidor) de fevereiro, que sai na sexta e deve ficar em 0,3%. Com isso, a inflação cairia em 12 meses de 4,3% para 4,2%.
"Apesar da inflação, o Fed [Federal Reserve, BC dos EUA] tem sinalizado que sua prioridade é evitar que a economia entre em recessão, deixando o combate à inflação para um segundo momento. O mercado deu uma piorada na semana passada, com o aumento da aversão ao risco. Surgiram novos problemas relacionados ao crédito. A percepção é que a situação é grave", disse Teles.
Outro indicador com potencial para azedar ainda mais o humor dos investidores será a posição das vendas no varejo americano em fevereiro, que sai na quinta. Os analistas prevêem alta de 0,3% na vendas, que estão fracas desde o início do ano e apontam para queda de confiança do consumidor.
Além dos indicadores, o mercado também acompanhará com atenção os preços do petróleo. Na semana passada, a cotação chegou perto de US$ 106 o barril em Nova York. A alta do petróleo pode contaminar a inflação americana, pressionando o Fed a parar a política de redução dos juros.
"Para esta semana, esperamos mais uma vez o predomínio da volatilidade. Importantes notícias deverão definir o humor dos investidores. Na semana passada, a volatilidade veio da inundação dessas informações", avalia a Coinvalores.


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