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Governo planeja lançar títulos no exterior
Sondagens começam por Inglaterra, Dubai e Luxemburgo; em seguida contatos vão se estender aos EUA e ao Canadá
Em 2007, país emitiu quase US$ 3 bi; para o Tesouro, papéis brasileiros são atraentes a estrangeiros, apesar da turbulência global
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com reservas próximas de
US$ 200 bilhões, Banco Central e Tesouro Nacional começam a sondar o mercado externo nos próximos dias sobre a possibilidade de lançamentos
de títulos brasileiros nos meses
seguintes. As reuniões com investidores começam em abril
na Inglaterra, em Dubai e em
Luxemburgo.
De acordo com o secretário
do Tesouro, Arno Augustin, o
fato de o Brasil ter se tornado
credor internacional é um fato
positivo a ser destacado no cenário externo. Ele salienta que
o crescimento da economia e os
resultados da política de superávit primário (economia do
setor público para o pagamento
de juros da dívida) são pontos
favoráveis e que tendem a reforçar a imagem do Brasil com
analistas e investidores estrangeiros.
Com o bom desempenho da
economia e das contas públicas, Banco Central e Tesouro
passam este mês de março
acompanhando os desdobramentos da crise internacional
com acuidade ainda maior.
As sondagens com os investidores estrangeiros começam
em abril na Europa. Em junho,
representantes do Tesouro e do
BC preparam encontros com
potenciais compradores de títulos brasileiros no Canadá e
nos Estados Unidos.
No ano passado, o governo
fez lançamentos no exterior no
montante de US$ 2,9 bilhões. A
última vez em que o Brasil recorreu ao mercado externo foi
em 19 de junho, quando foram
lançados US$ 393,5 milhões
em títulos à taxa de 8,626% para pagamento em 20 anos.
Para 2008, o Tesouro informa que as emissões em dólares
não irão superar o montante
dos títulos brasileiros que vence no exterior neste ano. Isso
considera o valor principal de
US$ 2,8 bilhões dos títulos (não
leva em conta os juros). Os lançamentos somente irão superar esse valor caso Tesouro e
Banco Central consigam fazer
recompra antecipada de papéis
brasileiros em poder de investidores internacionais.
Em breve análise sobre a situação externa, Augustin avalia
que o cenário ainda é de instabilidade e que os mercados financeiros não operam na normalidade. A despeito da volatilidade, ele salienta que o Brasil
tem melhores condições de enfrentar turbulências internacionais e que os papéis brasileiros têm condição de atrair o interesse dos compradores. "Diria que os títulos brasileiros são
um bom negócio para qualquer
investidor", afirma.
Captação do BB
O Banco do Brasil finalizou
na semana passada captação de
US$ 250 milhões no mercado
internacional, por meio da
emissão de títulos. Pelo empréstimo, o BB vai pagar juros
que acompanham a variação da
Libor -taxa que serve de referência para essas emissões e
que está em cerca de 2% ao
ano- mais taxa fixa de 0,55%.
Os títulos vencem em seis
anos e contam com a garantia
das remessas de dólares feitas
por residentes nos Estados
Unidos para o Brasil. Foi a primeira captação externa feita
com esse tipo de garantia desde
dezembro de 2003, quando o
BB tomou um empréstimo a juros fixos de 6,55% ao ano.
O BB pretende destinar os
recursos captados ao financiamento de operações de comércio exterior. Segundo Fernanda
Peres Arraes, da área internacional do BB, o banco pode voltar a fazer novas captações ainda neste ano, caso julgue que as
condições de mercado são favoráveis a transações desse tipo.
Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ , da Sucursal
de Brasília
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