São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Governo planeja lançar títulos no exterior

Sondagens começam por Inglaterra, Dubai e Luxemburgo; em seguida contatos vão se estender aos EUA e ao Canadá

Em 2007, país emitiu quase US$ 3 bi; para o Tesouro, papéis brasileiros são atraentes a estrangeiros, apesar da turbulência global

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com reservas próximas de US$ 200 bilhões, Banco Central e Tesouro Nacional começam a sondar o mercado externo nos próximos dias sobre a possibilidade de lançamentos de títulos brasileiros nos meses seguintes. As reuniões com investidores começam em abril na Inglaterra, em Dubai e em Luxemburgo.
De acordo com o secretário do Tesouro, Arno Augustin, o fato de o Brasil ter se tornado credor internacional é um fato positivo a ser destacado no cenário externo. Ele salienta que o crescimento da economia e os resultados da política de superávit primário (economia do setor público para o pagamento de juros da dívida) são pontos favoráveis e que tendem a reforçar a imagem do Brasil com analistas e investidores estrangeiros.
Com o bom desempenho da economia e das contas públicas, Banco Central e Tesouro passam este mês de março acompanhando os desdobramentos da crise internacional com acuidade ainda maior.
As sondagens com os investidores estrangeiros começam em abril na Europa. Em junho, representantes do Tesouro e do BC preparam encontros com potenciais compradores de títulos brasileiros no Canadá e nos Estados Unidos.
No ano passado, o governo fez lançamentos no exterior no montante de US$ 2,9 bilhões. A última vez em que o Brasil recorreu ao mercado externo foi em 19 de junho, quando foram lançados US$ 393,5 milhões em títulos à taxa de 8,626% para pagamento em 20 anos.
Para 2008, o Tesouro informa que as emissões em dólares não irão superar o montante dos títulos brasileiros que vence no exterior neste ano. Isso considera o valor principal de US$ 2,8 bilhões dos títulos (não leva em conta os juros). Os lançamentos somente irão superar esse valor caso Tesouro e Banco Central consigam fazer recompra antecipada de papéis brasileiros em poder de investidores internacionais.
Em breve análise sobre a situação externa, Augustin avalia que o cenário ainda é de instabilidade e que os mercados financeiros não operam na normalidade. A despeito da volatilidade, ele salienta que o Brasil tem melhores condições de enfrentar turbulências internacionais e que os papéis brasileiros têm condição de atrair o interesse dos compradores. "Diria que os títulos brasileiros são um bom negócio para qualquer investidor", afirma.

Captação do BB
O Banco do Brasil finalizou na semana passada captação de US$ 250 milhões no mercado internacional, por meio da emissão de títulos. Pelo empréstimo, o BB vai pagar juros que acompanham a variação da Libor -taxa que serve de referência para essas emissões e que está em cerca de 2% ao ano- mais taxa fixa de 0,55%.
Os títulos vencem em seis anos e contam com a garantia das remessas de dólares feitas por residentes nos Estados Unidos para o Brasil. Foi a primeira captação externa feita com esse tipo de garantia desde dezembro de 2003, quando o BB tomou um empréstimo a juros fixos de 6,55% ao ano.
O BB pretende destinar os recursos captados ao financiamento de operações de comércio exterior. Segundo Fernanda Peres Arraes, da área internacional do BB, o banco pode voltar a fazer novas captações ainda neste ano, caso julgue que as condições de mercado são favoráveis a transações desse tipo.


Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ , da Sucursal de Brasília

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