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Brasil deve reduzir tarifas de importação, diz OMC
Entidade mostra preocupação com financiamento do BNDES e alto custo do crédito
Segundo diplomata brasileiro, a minoria das questões que o país recebeu dos membros da OMC abordou o BNDES e os financiamentos de exportação
DA REDAÇÃO
O Brasil deve reduzir as tarifas de importação e diminuir a
proibição da entrada de itens
estrangeiros e "determinar
maior previsibilidade no regime de investimentos estrangeiros , para estimular o comércio
e o investimento em um momento de desaceleração da economia global, diz a OMC (Organização Mundial do Comércio).
O organismo internacional
também demonstra preocupação com os programas de financiamento do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e também
faz críticas ao "spread" (a diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro e o
que cobram ao emprestar).
"O Brasil precisa acelerar
seus esforços para dar ímpeto
adicional ao comércio e ao investimento", diz a OMC na Revisão de Política Comercial do
país entre 2004 e 2008, em que
ressalta que a tarifa média de
importação passou de 10,4%
em janeiro de 2004 para 11,5%
no mesmo mês de 2008. A revisão é um procedimento obrigatório ao qual são submetidos os
membros da OMC -no caso
brasileiro, ela será concluída
amanhã, quando o governo terá de responder os questionamentos dos membros do órgão.
Para a OMC, especialmente
no caso das indústrias que já
estão entre as principais do
mundo, a redução das tarifas
de produção vai encorajar o aumento da produtividade e beneficiar os consumidores.
O documento também demonstrou preocupação com
programas de financiamento
do BNDES como uma linha de
crédito para a exportação chamada de Exim, que em alguns
casos dá preferência a bens que
tenham ao menos 60% de conteúdo nacional. "O setor manufatureiro em geral também se
beneficia de concessões de tarifas e outros tributos, programas financeiros e outros planos de incentivo comandados
pelo BNDES", diz o estudo.
De acordo com a OMC, o fato
de os financiamentos de longo
e médio prazos serem concedidos praticamente só por bancos estatais, com juros menores que a média, são apenas
"medidas paliativas" que não
corrigem os problemas do alto
custo do crédito no país.
Roberto Azevedo, embaixador brasileiro na OMC, afirmou que só a UE manifestou
preocupação com o BNDES, o
Proex e outros mecanismos de
financiamento a exportações.
Segundo um diplomata da missão brasileira, uma minoria das
cerca de 800 questões que o
país recebeu dos membros da
OMC sobre sua política comercial abordou o BNDES e os financiamentos à exportação.
Questionados, nem o Ministério do Desenvolvimento nem
o Itamaraty se manifestaram.
A ajuda à agricultura também é questionada pela entidade, que diz que, apesar de os
subsídios no Brasil serem baixos em relação aos dos países
da OCDE (que reúne 30 das nações mais industrializadas do
mundo), a "intervenção tanto
nos mercados domésticos de
crédito como no setor agrícola
é uma forma distorcida de ajuda". Mais: como o Brasil é um
dos maiores produtores mundiais, a ajuda à agricultura local
pode afetar os mercados globais, afirma a OMC.
Colaboraram MARCELO NINIO, de Genebra, e a Sucursal de Brasília
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