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IGP-DI aponta deflação de 0,13% e pressiona BC
Resultado reforça aposta em corte maior nos juros
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A crise e a queda na demanda
mundial por matérias-primas
-em especial, alimentos- levaram à deflação, com o IGP-DI registrando taxa negativa de
0,13% em fevereiro. O índice,
medido pela Fundação Getulio
Vargas, baliza reajustes da telefonia. O resultado reforçou
apostas de corte de 1,5 ponto
percentual na taxa de juros na
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária, do Banco
Central) que começa hoje.
Em janeiro, o índice fechou
em 0,01%. No ano, acumula deflação de 0,11%.O acumulado
em 12 meses -que aponta a
tendência do índice- caiu de
8,27%, nos 12 meses até janeiro,
para 7,5%, nos 12 meses encerrados em fevereiro.
O Índice de Preços ao Atacado, que contribui em 60% para
o índice, manteve a deflação e
variou de -0,33% para -0,31%
entre janeiro e fevereiro. A
maior contribuição veio dos
alimentos processados. A carne
bovina utilizada na indústria,
por exemplo, caiu 5,27%.
"Esse desempenho é reflexo
da menor demanda internacional, causada pela crise", diz o
economista Salomão Quadros,
coordenador da pesquisa. "Os
preços internacionais também
ditaram o ritmo dos preços dos
alimentos no varejo."
O Índice de Preços ao Consumidor, que responde por 30%
do IGP, revelou desaceleração
nos preços, de 0,83% para
0,21%. Apenas itens de saúde e
cuidados especiais registraram
inflação maior -de 0,45% para
0,7%. Na alimentação, os preços variaram -0,12, e, no vestuário, -0,71%. O INCC (construção civil), desacelerou-se de
0,33% para 0,27%.
Diferentemente do ocorrido
em outros momentos -como
nas crises cambiais de 1999 ou
de 2002-, não houve contaminação dos preços devido à alta
do dólar. "A pressão negativa
devido à demanda externa neutralizou a valorização do dólar",
diz Jean Barbosa, da Tendências Consultoria.
Para especialistas, o resultado do IGP-DI indica que a demanda está desaquecida e que
não há motivos para manter os
juros no atual patamar. "A inflação do ano não preocupa
mais", diz o economista-chefe
da Lopes Filho, Júlio Hegedus.
A meta do Banco Central é
4,5% ao ano no IPCA, medido
pelo IBGE, com tolerância de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
O cenário de crise ainda deverá piorar junto com indicadores da economia americana.
"Sem que haja perspectivas
de melhoras no curto prazo, a
inflação permanece domada, e
o Brasil deverá ter taxa nominal de juros abaixo de 10% em
2010", avalia o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira.
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