São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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IGP-DI aponta deflação de 0,13% e pressiona BC

Resultado reforça aposta em corte maior nos juros

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A crise e a queda na demanda mundial por matérias-primas -em especial, alimentos- levaram à deflação, com o IGP-DI registrando taxa negativa de 0,13% em fevereiro. O índice, medido pela Fundação Getulio Vargas, baliza reajustes da telefonia. O resultado reforçou apostas de corte de 1,5 ponto percentual na taxa de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) que começa hoje.
Em janeiro, o índice fechou em 0,01%. No ano, acumula deflação de 0,11%.O acumulado em 12 meses -que aponta a tendência do índice- caiu de 8,27%, nos 12 meses até janeiro, para 7,5%, nos 12 meses encerrados em fevereiro.
O Índice de Preços ao Atacado, que contribui em 60% para o índice, manteve a deflação e variou de -0,33% para -0,31% entre janeiro e fevereiro. A maior contribuição veio dos alimentos processados. A carne bovina utilizada na indústria, por exemplo, caiu 5,27%.
"Esse desempenho é reflexo da menor demanda internacional, causada pela crise", diz o economista Salomão Quadros, coordenador da pesquisa. "Os preços internacionais também ditaram o ritmo dos preços dos alimentos no varejo."
O Índice de Preços ao Consumidor, que responde por 30% do IGP, revelou desaceleração nos preços, de 0,83% para 0,21%. Apenas itens de saúde e cuidados especiais registraram inflação maior -de 0,45% para 0,7%. Na alimentação, os preços variaram -0,12, e, no vestuário, -0,71%. O INCC (construção civil), desacelerou-se de 0,33% para 0,27%.
Diferentemente do ocorrido em outros momentos -como nas crises cambiais de 1999 ou de 2002-, não houve contaminação dos preços devido à alta do dólar. "A pressão negativa devido à demanda externa neutralizou a valorização do dólar", diz Jean Barbosa, da Tendências Consultoria.
Para especialistas, o resultado do IGP-DI indica que a demanda está desaquecida e que não há motivos para manter os juros no atual patamar. "A inflação do ano não preocupa mais", diz o economista-chefe da Lopes Filho, Júlio Hegedus.
A meta do Banco Central é 4,5% ao ano no IPCA, medido pelo IBGE, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O cenário de crise ainda deverá piorar junto com indicadores da economia americana.
"Sem que haja perspectivas de melhoras no curto prazo, a inflação permanece domada, e o Brasil deverá ter taxa nominal de juros abaixo de 10% em 2010", avalia o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira.


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