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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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Ativistas prometem protestos gigantescos

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

As sedes do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Bird (Banco Mundial) fazem parte de um roteiro de manifestações contra a Guerra do Iraque programadas para este final de semana, em Washington, que inclui também os prédios da Halliburton (gigante do setor de energia e engenharia) e da rede de TV Fox.
Neste final de semana, será realizado o encontro conjunto de primavera do Fundo e do Bird, do qual participam ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de vários países.
Ativistas de organizações não-governamentais esperam realizar o maior protesto já feito durante uma reunião do FMI, uma das datas preferidas para manifestações contra o capitalismo e a globalização. A última grande manifestação em Washington contra o FMI e o Bird foi há exatamente três anos.
Peta Lindsay, da ONG ANSWER (sigla em inglês para "Aja agora para impedir a guerra e acabar com o racismo") -uma das organizações mais engajadas na realização dos protestos)-, acredita que as manifestações devem reunir cerca de 500 mil pessoas, mesmo número registrado em protestos contra o início da guerra realizados em janeiro deste ano na capital americana.
A Halliburton e a Fox são consideradas pelos ativistas como símbolos da agressão americana ao Iraque. A gigante americana de energia foi presidida até 2000 pelo vice-presidente Dick Cheney, um dos principais articuladores da guerra contra os iraquianos.
A Halliburton está hoje no centro das discussões do real interesse da administração do presidente George W. Bush no conflito. A empresa foi contratada pelo governo americano para apagar incêndios em poços de petróleo iraquianos.
Já o motivo para a escolha da Fox pelos manifestantes é outro. Eles alegam que a cobertura da guerra feita pelo canal de notícias Fox News é totalmente tendenciosa, que exalta somente os feitos das tropas americanas.
"O que eles fazem não é jornalismo, não é retratar as notícias factuais, mas sim fazer propaganda do governo americano", disse Lindsay à Folha.
Segundo Katherine Hoyt, integrante da ONG Solidariedade Latino-Americana, a inclusão do FMI e do Bird nos protestos se deve ao papel das instituições como instrumento de domínio americano em outros países.
As duas principais manifestações estão marcadas para sábado e domingo. Panfletos estão sendo distribuídos em várias cidades americanas para que as pessoas se dirijam a Washington.
Os ativistas têm recorrido a argumentos econômicos para convencer as pessoas a participar das manifestações. O título de um dos panfletos é "US$ 200 bilhões para empregos e educação, não para a Guerra no Iraque".
Lindsay teme que muitas pessoas não compareçam às manifestações por se deixar intimidar por aqueles que são favoráveis à guerra. Ela disse que tem recebido muitas ligações na sede da ONG em Washington de pessoas indecisas sobre a participação ou não nos protestos.


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